O Joel fez-me chegar este primeiro episódio da série "O Mal Humano", ainda em dois mil e dezasseis. Terminei as leituras que andava a fazer, imprimi a história (porque se puder ler em papel acho preferível a fazê-lo num ecrã) e, claro, li-a, sabendo que ainda tinha algum tempo até ao lançamento oficial e queria fazer coincidir a publicação da minha opinião com a estreia desta série.
O lançamento ocorreu em Janeiro, mas no inicio desse mês tinha morrido uma das pessoas mais queridas da minha vida. Coincidência ou não é precisamente sobre isso, a Morte, que fala esta história, mais especificamente sobre a nossa incapacidade de aceitarmos que aquele pessoa, por quem tínhamos tanto afecto, morreu e que agora precisamos prosseguir com a nossa vida. A Morte é o acontecimento mais natural e definitivamente o mais absoluto que iremos viver e a incapacidade de conseguirmos aceita-la e continuarmos tem consequenciais nefastas, quer para nós quer para quem nos rodeia. É precisamente estas consequenciais que o Joel explora neste episódio zero de "O Mal Humano".
Rui Alves é um jovem de vinte anos que perdeu os seus pais recentemente, mas que não foi capaz de seguir com a sua vida. Descobre que existe alguém que o pode reunir novamente com eles: Valter Braz. O Valter Braz é o guardião da Arca, e é quem permite a sua utilização, mas também ele sofreu uma perda: a sua esposa e como já devem ter adivinhado também ele não conseguiu seguir com a sua vida. A utilização da Arca implica seguir regras: existe um limite de tempo para a sua utilização e o seu guardião não a pode utilizar. Mas o luto é um sentimento poderoso, que nos leva a tomar decisões (muito) pouco racionais sem pensar nas consequências. E o melhor é parar por aqui antes que revele mais do que devo e estrague o prazer da leitura aos futuros leitores.
Este episódio zero (da temporada zero) é a porta de entrada para esta nova série literária do Joel (e da qual já podem encontrar disponíveis os episódios um e dois). Para quem já conhece a escrita do autor, ela aparece aqui (ainda) mais afinada. Gostei da forma como o Joel abordou esta questão e da pitada de humor que lá conseguiu introduzir, em especial a arca que não é a arca que eu estava à espera, mas que me deixou com um sorriso nos lábios.
Gostaria de louvar o arrojo do Joel, ao invés de ter escrito um romance, o formato por excelência, optou por um formato pouco habitual, o de episódios (contos) interligados. Uma opção pouco explorada, por cá pelo menos, mas que pode atrair muitos leitores. Esta temporada zero irá servir "de introdução a um universo em muitos aspectos parecido com o nosso, noutros nem tanto. Um desses aspectos é a existência real de crimes de características sobrenaturais e de uma força policial especializada a lidar com casos dessa natureza – a Brigada de Crimes Macabros. Cada uma destas histórias introdutórias terá como protagonista um membro da BCM, à excepção de A ARCA". Este episódio zero "é um vislumbre do universo que está prestes a ser revelado, mas é também uma ponte para histórias passadas".
Podem encontrar mais informações sobre o autor na sua pagina em Joel G. Gomes e sobre esta série literária em especifico e dos muitos locais onde a podem adquirir em: O Mal Humano
O Joel G. Gomes é já um "velho" conhecido deste blog e o seu regresso, em especial com projectos como este, é sempre bem-vindo.
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