quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Opinião - Compilação de contos da Era Dourada de Pedro Cipriano




Como o título indica este livro é uma compilação de contos que tem como fio condutor os avanços da tecnologia e os perigos que eles poderão acarretar para a humanidade enquanto espécie. O tema não é novo, mas a cada dia que passa torna-se cada vez mais pertinente e importante, portanto foi com alguma expectativa que me juntei à leitura conjunta deste livro.
De uma modo geral gostei dos contos e gostei da disposição cronológica, mas, sim tinha de haver um mas, achei demasiado o salto de quinhentos anos que é feito entre o segundo e o terceiro conto, mas já lá irei.
O primeiro conto,  "A Alvorada", é um começo auspicioso, (ou será um fim?) embora o seu final não me tenha convencido por ai além.
No segundo conto, "A Escuridão" continuamos no mesmo tempo do primeiro conto, mas o cenário não podia ser mais diferente. Gostei do ambiente, mas novamente aquele final deixou-me algo insatisfeito. Tal como no primeiro conto não achei (muito) verosímil o final, mas (mais um) compreendam que este é um critério subjectivo.
Ao terceiro conto damos um salto temporal de quinhentos anos e vamos parar no meio de uma sociedade "tipo século dezanove" onde o vapor é a principal fonte de energia. Neste conto acompanhamos um homem amargurado com a vida e que culpa a tecnologia pela sua infelicidade. Este conto já foi mais do meu agrado, pequeno e conciso, tudo o que um conto deve ser e com um final que me agradou.
O quarto conto, "O Mostro e a Musa", é o maior e está subdivido em duas partes respectivamente em "O Monstro" e "A Musa". Embora a ideia por detrás me tenha apelado achei a construção psicológica dos personagens algo fraca, principalmente o Comandante Artur Olivais, primeiro descrito como sádico, mas para o final já era um "tipo porreiro".
O quinto e último conto, "O Fruto Proibido", versa sobre a curiosidade humana. Gostei do tema e como o Pedro Cipriano o explorou, com um final a condizer.

Como disse no inicio gostei dos contos, mas como livro não acho que funcione. Não basta ter um tema para "colar" os contos. Temos um bom inicio, mas depois aquele "salto" de quinhentos anos "estraga" um pouco as coisas, principalmente porque a fazer fé na descrição que aparece no Smaswors este é o primeiro livro. Ficamos com uma "falha" que podia e deverei ser preenchida. Não posso deixar de recordar aquele que eu considerando um bom exemplo: "Guerra Mundial Z" do Max Brooks. Este livro leva-nos a conhecer uma mundo que sofre uma infestação Zombei. O seu autor conta-nos a historia desde o inicio ao fim através de contos ordenados por ordem cronológica, mostrando-nos os pontos mais importantes e/ou significativos da historia. Ora é precisamente o que falta aqui, ao nos "dar" o segundo conto,  "A Escuridão" o autor "induz" em erro o leitor. Se apenas tivesse utilizado o primeiro conto, "A Alvorada", como prólogo tudo bem.
Outro aspecto que o Pedro deve rever e aperfeiçoar é a construção das personagens e aos finais um segundo olhar para que sejam mais verosímeis, pois senti algumas reticencias ai.
As minhas criticas podem parecer duras, mas como disse gostei do que li e espero que o Pedro Cipriano continuo a expandir este universo pois fiquei bastante curioso.

Se quiserem ler outras opiniões podem encontra-las nos links abaixo:

As Leituras do Corvo Fiacha - Compilação de contos da Era Dourada de Pedro Cipriano

Folhas do Mundo - A Era Dourada de Pedro Cipriano


Este livro pode ser encontrado no site Smashwords neste link: Compilação de contos da Era Dourada de Pedro Cipriano

domingo, 22 de setembro de 2013

Opinião - Querido estás Morto de João D. Martins



Querido estás Morto é um divertido conto de humor negro de João D. Martins.
A premissa é bastante interessante: um homem que tem de tal forma os hábitos enraizados em si que quando morre dá por isso, prosseguindo com a sua vida como se nada se tivesse passado. O autor segue pelo absurdo da normalidade, ou seja apesar do estranho da situação as pessoas tentam seguir com as suas vidas os mais normalmente que lhes é possivel. Ora como seria de esperar somos presentados com uma serie de caricatas situações como o facto do morto não dar por issoSe quisesse ser picuinhas apontaria um inicio algo "afastado" do que é o tom do resto do conto, que mais parecia uma aula de escrita criativa (e dai...), mas que mantém sempre o (bom) humor.
Numa escrita bem humorada (que me arrancou umas boas gargalhadas) e isenta de erros (que eu tenha notado) o autor tem aqui aqui um excelente cartão de apresentação, especialmente se, como eu, gostarem de humor negro.

Este conto pode ser encontrado no site Smashwords neste link: Querido estás Morto de João D. Martins

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Opinião - Equador Morto de Manuel Alves



Este é um conto especial para mim: eu sou o personagem principal!!! Sim o Capitão Marco Lopes apresenta-se ao vosso serviço! Pois é, por serviços prestados a esse Senhor da "extraordinária arte da feitiçaria imaginativa" como diz o próprio e muito bem acrescentaria eu, o Manuel decidiu "oferecer-me" um conto onde não só sou a personagem principal, como também me deu a oportunidade de escolher o género, e claro que só podia ter sido a Ficção Científica. O resto deixei à sua imaginação e o resulta foi, como sempre, excelente. 

O Manuel apresenta-nos um mundo onde a Terra foi divida ao meio pelo Equador e tudo o que vive no hemisfério Norte está infectado por algo (tem de ler para saber). A Humanidade passou a ter de viver no hemisfério Sul, mas sempre com as nuvens negras do perigo do que está para Norte passar para o Sul e destruir o que resta do Mundo de outrora.
A historia que nos é apresentada é um pequeno episódio desta nova Terra. Uma equipa é enviada para lá da barreira e a coisa não corre bem..., mas a historia só começa depois disso, já o nosso personagem principal, eu (desculpem não me contive) está sozinho e nada contente, mas claro que os seus problemas ainda agora começaram...

Umas das coisas que mais me surpreendeu, para além da habitual e fantástica "feitiçaria" do Manuel foi que apesar de nunca nos termos conhecido pessoalmente, e as nossas conversas virtuais terem sido sempre curtas ele ter conseguido "adivinhar" como eu sou. Sim por incrível que pareça a linguagem do Capitão Marco Lopes é bastante parecida com a deste vosso Marco Lopes, como se pode ver neste excerto:

"A merda da China. Não lhe bastou tornar-se o país capaz de reproduzir clones de tudo o que existia, tinha de provar ao mundo que também era capaz de clonar lendas e torná-las reais. A merda da China e mais a merda dos dragões. Ninguém fez nada até todos serem forçados a admitir que já não era possível fazer nada. Nada, excepto evacuar metade do mundo e dividir o planeta pelo Equador, com uma barreira sólida de duzentos metros de altura."

Eu falo bastante assim, e as vezes pior, mas também sei ser um cavalheiro.
Outro aspecto que gostei e com o qual me identifiquei, foi o de o Manuel não ter transformado o Capitão Marco Lopes num herói sem medo que avança de arma em punho contra tudo e contra todos. Ele tem medo, mas não se deixa paralisar. Não é burro nenhum (mais uma característica em comum, eu sei mas se eu não me gabar quem o fará?), preferindo escolher o melhor momento para lutar (ou não) a combater contra todas as probabilidades de sucesso. Também me agradou e mais uma vez algo com que me identifiquei, foi a atitude de esperança, mas ao mesmo tempo sem nunca deixar de ser realista para reconhecer quando uma situação está perdida. Tudo isto torna o personagem não só mais humano como também mais credível.
A juntar a este personagem temos um conjunto de personagens secundarias que em nada ficam a dever ao Capitão Marco Lopes, igualmente humanas e verossímeis e que ajudam ainda mais a criar um atmosfera plausível.

Enfim este conto para além dos habituais predicado que já tornaram o Manuel Alves num dos meus autores preferidos, torna-se ainda mais especial pela dedicatória que me é dirigida e pela qual eu lhe ficarei para sempre agradecido, mas também por ter criado um personagem com o qual eu não só me identifico, mas que se parece comigo.

Para o Marco Lopes,
porque ele queria ser
Magnus, o Dragão Negro


Finalizo com uma boa noticia, ao que parece "inspirei" tanto o Manuel que ele tem intenção de expandir este universo, ao qual eu respondo: "Apoiado".

Este conto pode ser encontrado no site Smashword neste link: Equador Morto de Manuel Alves

sábado, 7 de setembro de 2013

O Leitor, o Bibliófilo e o Bibliómano

Eu sou um leitor, mas também sou um bibliófilo (e acho que também sofro de bibliomania, mas numa variante benigna). Eu sou estas três facetas e a sua união leva a que procure muitos livros. Esta procura tem tanto de frustrante como de excitante. Não existe uma feira ou alfarrabista que eu falhe e que não me arrependa durante muito tempo com o pensamento "Ali poderia estar aquele livro que ando à procura à tanto tempo!!!". A cada feira e alfarrabista que visito pareço um drogado que acabou de receber a dose para parar os tremores, mesmo que não traga nada. Quando me meto no carro a caminho de uma feira ou alfarrabista pareço um puto com hiperactividade e que em quanto não chego lá... E assim que lá chego só tenho olhos para os livros (gostava de poder estar ali ao lado a ver as minhas figuras). Vou percorrendo as filas, pilhas, caixotes caixas e mesas cheias de livros velhos e novos, em bom estado e (quase) para lá da salvação. É rara a vez que venha de mãos a abanar, mas existem dias... de felicidade extrema. Hoje foi um dia desses!

Depois de ter percorrido quase toda a feira estava a "escavar" a caixa de um "fornecedor" habitual quando o encontrei. Entre livros que nada me diziam ali estava um daqueles livros que me faz palmilhar quantas feiras e alfarrabista posso: Cidade de Carne do Luís Filipe Silva.



Oh felicidade!!! A descarga de adrenalina é intensa. Pego nele como se pega-se num bebé, para logo de seguida me transfigurar num Gollum sussurrando "Meu Preciso" e não mais o largar. 

Depois cai a realidade e penso "Agora tenho de encontrar a segunda e ultima parte - Vinganças" e lá regresso aquele estado de "ressaca" até a próxima dose, perdão feira onde, quem sabe, poderei encontrar este ou outro desses livros que me fazem a vida um pouco mais feliz.  

domingo, 1 de setembro de 2013

Opinião - A Imagem de Joel G. Gomes (versão Beta)



Antes de mais gostaria de fazer alguns avisos à "navegação". A opinião que se segue vai divergir do que é habitual. O autor do livro "A Imagem", o Joel G. Gomes, publicou aquilo que ele chamou uma versão beta deste seu livro e pediu opiniões para o melhorar. Eu, como está visto, aceitei o desafio. Assim sendo, para além do habitual gostei (ou não), vou dar alguns conselhos, apontar defeitos e possíveis correcções que espero ajudem à construção de um livro (ainda) melhor. 

A Imagem é um livro que se passa a seguir ao livro Um Cappuccino Vermelho, com o qual partilha não só o mesmo mundo ficcional, como também alguns personagens, e embora a sua leitura não seja necessária para a compreensão deste eu aconselho-a. Para os que já leram Um Cappucino Vermelho o autor eleva aqui a fasquia, não um, mas dois ou três níveis, o que, como poderão constatar mais à frente, tem os seus perigos, mas lá está quem não arrisca não petisca.

O primeiro reparo que gostaria de fazer é o mais básico de todos: a revisão. O Joel chamou a esta edição uma versão Beta, mas para mim isso não pode desculpar os (muitos) erros que fui encontrando ao longo do texto. Atenção não eram erros ortográficos propriamente ditos, mas sim falhas como acontece a todos nós que escrevemos com um teclado e escrevemos uma letra a mais, erros que "facilmente" teriam sido purgados com uma simples releitura do texto.

A história deste livro é algo complexa, isto não é em si nem mau nem bom, os problemas podem surgir quando se passa do complexo (mas coerente) ao complicado (e confuso). O Joel consegue fazer a gestão das muitas personagens relativamente bem, mas eu deixo alguns conselhos para que não só o complexo não se torne em complicado para muitos leitores, mas também porque acho que a narrativa vai sair a ganhar. Em primeiro lugar ao invés de ter simplesmente o capitulo 1, 2 e por ai fora eu aconselhava a que fosse indicado a data, isto porque o texto está carregado de analepse  o que em algumas alturas levou-me a algumas confusões (do tipo "Mas este tipo não estava morto?). O que me leva ao próximo conselho: para além das datas os capítulos deveriam ter o nome do personagem do qual aquele capitulo dá primazia, isto porque o autor já faz isso, contado a historia em cada capitulo usando o ponto de vista de um determinado personagem, portanto à que vincar isso apenas.
Outro aspecto a alterar (ou que eu alteraria) é a ordem dos capítulos. O Joel "dá-nos" dois ou três capitulo seguidos do personagem X um do Y e dois do Z, era muito melhor fazer uma rotação, assim aumentava a curiosidade do leitor e a sua vontade ler mais. O que me leva à questão sobre o momento em que os capítulos terminam. Eu gostei muito da historia e acho que é bastante boa, mas isso não basta, é preciso aliar a isso uma escrita que atraia o leitor. O Joel podia criar capítulos mais pequenos (em alguns casos) e deixar o leitor (super) curioso com que ai vem (é um "truque" relativamente básico, mas que resulta), ao invés disso muitas vezes os capítulos são prolongados e alguns momentos de suspense são perdidos com a revelação logo a seguir do mistério, quando podia ter terminado o capitulo ali e passado a outro personagem deixando o leitor curioso por saber mais.
Juntando e resumindo aconselho capítulos mais curtos em que o titulo deverá ser a data e o nome do personagem em quem recai o ponto de vista, algum cuidado sobre onde o capitulo termina para deixar um fio solto de maneira a deixar o leitor curioso por mais e claro alternar os pontos de vista de cada personagem. Um (bom) exemplo do que digo é o que o George R. R. Martin faz nos livros de As Crónicas de Gelo e Fogo.

Não se pense que A Imagem é um livro mau e cheio de defeitos, apenas pelo que possa eventualmente transparecer das minhas palavras acima escritas. Este livro do Joel tem muitas e excelentes qualidades como uma boa historia e muita imaginação e as qualidades da sua escrita também estão lá. Se pareço um editor num dia não é porque acho que o livro tem muito potencial e ainda pode ser melhorado, mas as suas qualidades intrínsecas estão lá, se não achasse que valeria o esforço não estaria aqui a perder o meu tempo, o vosso e claro o do autor. 
Tenho consciência que o que aconselho, a ser seguido, irá levar a uma rescrita bastante grande do livro, porque embora não vá alterar a historia, ira mexer profundamente na estrutura narrativa do livro, mas se o proponho é porque acho que vai enriquecer o livro.

Faço votos de que este meus conselhos possam ajudar o Joel a melhorar o seu livro, e espero que no final ele diga "Foi difícil, mas valeu a pena" e que os seus leitores concordem.

Se quiserem ler esta versão beta podem encontra-la no site Smashwords neste link: A Imagem de Joel G. Gomes.