sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Opinião – Coração de Corda de Carina Portugal


Se tinha gostado bastante de Duas Gotas de Sangue e um Corpo para aEternidade (seguir o link para a minha opinião), devo dizer que este Coração de Corda não ficou atrás nas expectativas que nele tinha deposito.

1852, Londres é uma cidade alimentada por uma enorme central a carvão, mas onde a maior parte se encontra debaixo dos pés dos seus habitantes. É neste ambiente que conhecemos Philip Reeve que depois de assistir a uma peça de Ballet não resiste a ir congratular a artista principal, mas acaba por assistir a uma cena desagradável. Seguem-se os “habituais” mistérios, traições e reviravoltas numa história muito bem conseguida e com muitas surpresas que irão deixar os seus leitores bem presos e garanto-vos que elas irão mesmo até ao fim, pois quando pensarem que já tudo terminou ainda a autora terá uma surpresa final para vos deixar a pensar.

Se o Manuel Alves é cada vez mais um valor certo de uma nova geração de autores a Carina Portugal começa a deixar-me cada vez mais descansado porque o lado feminino também parece bem encaminhado com as qualidades que ela demonstra a cada historia sua que leio.

Tal como fiz na opinião a Duas Gotas de Sangue e um Corpo para a Eternidade se tivesse de procurar defeitos seria o facto de (mais) uma vez a historia se passar em solo Inglês (começo a notar aqui um padrão), portanto em vez de “criticar” fica a pergunta: para quando uma história passada em solo Português? Nem que seja em Lisboa, embora ficasse mais contente se fosse noutra cidade desta magnifico Pais.

Este conto pode ser encontrado no site Smashwords no link: Coração deCorda de Carina Portugal

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Opinião – Antologia Fénix de Ficção Científica e Fantasia – Vol. III



Quase no Carnaval e eu a ler contos sobre o Natal (peço desculpa, mas não resisti à rima fácil).

Como se trata de uma Antologia com muitas participações, mas com contos muito pequenos também as minhas opiniões sobre cada conto serão (quase) telegráficas. Mas antes de passar aos contos propriamente ditos vou começar pela introdução da autoria de Álvaro de Sousa Holstein e Marcelina Gama Leandro, que também assinam a coordenação e a organização dos contos presentes nesta antologia.

Introdução – Gostei bastante, pequena e concisa, mas que me deu que pensar.

Biscoitos de Natal de Alexandra Rolo – Esta antologia é sobre o Natal, a anterior foi sobre o dia das bruxas, vulgo Halloween, e este conto parece querer fazer a ponte entre as duas antologias e mais não digo…

Um Conto de Natal de Álvaro de Sousa Holstein – No geral gostei, mas o fim deixou muito a desejar, quer pela estranheza que me provocou, quer pelo fim abruto que teve.

Uma questão de Nervos de Ana Luiz – Não me despertou a curiosidade e o final também não me soube bem.

Um Último Presente de Anton Stark – Um conto onde o Pai Natal é o presenteado, com uns “belos ornamentos” pela Mãe Natal e que o faz passar-se dos “carretos”. Gostei quer da escrita, quer da maneira como o autor colocou estas duas personagens icónicas numa situação tão mundana.

Frio, cada vez mais Frio de Carina Portugal – Uma história tão bonita quanto triste e bem “sintonizada” com o espírito natalício, no bem sentido entenda-se. Gostei bastante.

Tomar a nuvem por Juno de Carlos Alberto Espergueiro – Mais um conto imbuído do espírito natalício, mas desta vez no mau sentido, com o consumismo a abrir as fronteiras a uma invasão extraterrestre…

Natal no abrigo de Carlos Silva – Lá diz o ditado que o Natal é quando o Homem quer, mas neste conto pós-apocalíptico este chavão ganha todo um novo significado. Gostei bastante do realismo da situação.

O Presépio de Carol Louve – Uma nova história do nascimento de Jesus, mas nos nossos dias e com uma reviravolta que lhe dará um novo significado, e claro um Presépio possuído... 

A Revolução Plonórtica de Daniel Libonati Gomes – E se os duendes entrassem em guerra por mais direitos? É o que se descobre neste conto com muito humor e sangue.

Disfraces de Francesc Barrio – Mesmo estando escrito em castelhano deu para perceber bem a história e devo dizer que o li agradou-me bastante, cru, mas verdade.

Noite de Sonho de Gabriel Martins – Faltou algo a este conto para lhe dar sentido.

O Anjo de Inês Montenegro – O nascimento de Jesus, mas com uma pequena reviravolta que não acontece na história original. Ainda assim um conto algo “apagado”.

O Primeiro Natal ao vivo e a cores de João Roganciano – Um refugiado de outra dimensão a viver na década de 1930 é (quase) contratado para matar José e Maria e por inferência Jesus. Gostei bastante da escrita e do final, muito bom.

Diálogo no Polo Norte de Joel Lima – Um conto engraçado e com um final ainda mais interessante.

Pinheirinho de Luís Corujo – Uma Maldição nem sempre corre com se quer e este conto é prova disso mesmo.

Filhós e Azevinho de Manuel Mendonça – Todos temos as nossas tradições e parece que existe uma Aldeia no norte que tem uma muito peculiar. Um conto muito engraçado, quase tive pena do “Bixo”.

Missão de Colonização de Marcelina Leandro – E a vida na terra tivesse um começo muito diferente daquele que conhecemos? É o que vamos conhecer neste conto. Não me despertou muito a curiosidade.

Noite de Surpresas de Nuno Almeida – Um conto (mesmo) muito parecido com o primeiro desta antologia, embora com um final diametralmente oposto, mas gostei mais deste.

Os Três Fantasmas de Ricardo Dias – O que aconteceu depois da visita dos três Fantasmas a Ebenezer Scrooge no famoso livro de Charles Dickens? É o que vamos descobrir neste conto, onde os protagonistas são os três fantasmas e onde ficamos a saber quem realmente são eles. Gostei do conto, em especial a ligação que foi feita entre as identidades dos fantasmas.

Julgamento de Natal de Rui Bastos – Gostei bastante não só pelo “mistério”, mas também de todo o tom da narrativa. O final foi fantástico e deixou-me com um sorriso nos lábios.

Conto de Natal de Rui Ramos – O recontar do nascimento de Jesus com novas perspectivas e revelações.

Santa Claus Sideral y la Gota de Oro Navideña de Samir Karimo – Mais um conto em Castelhano, mas desta vez não percebi (quase) nada.

O Último Natal de Vitor Frazão – O último conto da antologia pinta um futuro em tons escuros para a Humanidade e para o planeta Terra, mas mesmo assim não deixei de sentir uma nota de esperança e não sei porquê.


Em jeito de conclusão devo dizer que goste desta antologia, tal como tinha gostado das anteriores. Nem todos os contos estão no mesmo patamar de qualidade, quer narrativa quer em imaginação, mas tal já seria de esperar, mas apesar de disso a maioria é de boa qualidade e temos ali uma boa "mão-cheia" de excelente qualidade. Um antologia que recomendo vivamente a todos. Uma ultima palavra para a excelente capa do Rui Ramos com aquele Pai Natal radical.


Este conto pode ser encontrado no site Smashwords no link: Antologia Fénix de Ficção Científica e Fantasia – Vol. III

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Opinião - Assim na Terra como no Céu de Luís Melo



O que temos aqui não é um conto pronto a ser publicado, não é sequer uma versão “beta” em que falta apenas polir algumas arestas. O que temos em “Assim na Terra como no Céu” é um rascunho, com algumas ideias já estruturadas, é certo, mas muito longe de um “produto” acabado.
As Ideias estão lá e o potencial também, mas a pressa é e será sempre inimiga da perfeição. Não é à toa que um dos conselhos mais dados aos jovens escritores é que “engavetem” os seus trabalhos durante algum tempo para que quando lhes voltem a pegar exista uma “distância” que lhes permitam reler os seus textos sem uma ligação emocional tão forte.
Algumas ideias que estão na base deste conto já as tinham visto, por exemplo no triptico de João Barreiros constituído por Fantascom (publicadas na revista Bang! n.º3), Bem-vindos à Terra do Nunca (publicado revista Bang! n.º4) e Quem quer escrever para sempre (publicado na revista Bang! n.º 5. Não vejo problema em reciclar ideias, mas neste caso a “coisa” foi feita às “três pancadas”. A explicação que é dada não me convenceu e é dada tão ao de leve que quase nem se dá por ela e quando se repara nela fica-se a desejar não se o ter feito. 
O conto varia entre descrições quase jornalísticas e diálogos entre as personagens, mas separados por “barreiras” o que torna tudo muito estranho. Temos pelo meio pequenos recortes de impressa (as tais barreiras) que ajudam a dar um tom mais credível à história, mas que quando muito apenas amenizam o fracasso geral.

Recapitulando temos um texto que apesar de revelar algumas boas ideias precisa de muito trabalho até que se possa considerar pronto para publicação.


Este conto pode ser encontrado no site Smashwords no link: Assim na Terra como no Céu de Luís Melo

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Opinião - O Homem que não estava lá de Ricardo Neves



Um tipo entra num bar parece o inicio de uma anedota americana. Até ao meio deste conto a única coisa que me fez avançar foi a curiosidade de saber o que raio se passava ali. Apenas chegados ao meio é que temos a reviravolta que dá sentido à (aparentemente) banal cena que se estava a passar. somos então confrontados com o facto de que o bar não existe, sendo apenas um ponto de passagem onde o personagem principal terá de decidir o caminho que quererá seguir. Claro que existe uma boa razão para ele lá ter ido parar, mas que eu não irei revelar por razões óbvias.
Achei o conto interessante, embora a ideia que está na base deste conto não seja nova, mas está bem conseguido. Não é memorável, mas valeu a pena.

Já agora não resisto a partilhar aqui uma pequena descoberta que fiz: o autor deste conto é um personagem das historias Um Cappuchinho Vermelho, se a memória não me falha e de A Imagem  (seguir o link para a minha opinião), aqui sem duvidas, ambos escritos pelo Joel G, Gomes, e acabei por repara que também o autor de Querido estás Morto de João D. Martins (seguir o link para a minha opinião) é um personagem dessas historias. Será que temos um caso de múltiplas personalidades?


Este conto pode ser encontrado no site Smashwords neste link: O Homem que não estava lá de Ricardo Neves

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Divulgação - Terra Fria de Manuel Alves



Ora ai está o Manuel Alves está de regresso com mais um livro. Depois de nos ter deixado siderados com a sua Ficção Científica, de nos ter deixados rendidos à sua Fantasia, de ter feito uma perninha na poesia e de ter deixado muitas pessoas com uma lágrima no olho com a pequena Lili e sem esquecer o romance o incrível romance A Invenção de um conto de Fadas, mas desta vez temos um drama, deixo-vos a sinopse: 

Uma octogenária em fim de vida recebe a visita de um padre aposentado, para a última confissão, e ambos revisitam o passado na esperança de exorcizarem demónios de consciência. Cinquenta anos antes, a mulher fora denunciada à PIDE por um bufo que depois desapareceu sem deixar rasto juntamente com o agente enviado para investigar a denúncia. Mas o demónio de consciência mais antigo nascera anos antes, dos escombros da Segunda Guerra Mundial, nas ruínas de um coração.

Se ficaram curiosos podem encontrar o livro neste link: Terra Fria de Manuel Alves


Já tenho o livro e em breve apresento aqui a minha opinião.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Opinião – Vila de Cobres de Olinda P. Gil



Depois de já ter lido outros contos da Olinda P. Gil, dos quais não resisto a destacar “Na Estrada de Mértola”, foi com alguma expectativa que parti para a leitura deste.
A história versa sobre um tal de John Smith, inglês e engenheiro do vapor. A narrativa decorre num comboio que vai do Alentejo a Lisboa. Logo ao início percebemos que o “nosso” engenheiro do vapor foge de algo. Pelo meio das suas preocupações se terá feito bem em apanhar o comboio, qual a melhor rota de fuga para sair do Pais e se será apanhado, a autora, através de analepse, vai nos contando quem é afinal John Smith, como veio ele parar a Portugal e do que foge ele.
O resultado final é satisfatório, consequência de um conto bem escrito, mas ao qual fica a faltar aquele factor que transforma o mediano em algo maior e memorável. Ainda assim valeu bem o tempo que nele despendi

Este conto insere-se no subgénero de FC que é o retro futurismo do Steampunk (vapor punk em Português), embora esta seja uma questão (quase) secundaria visto que as únicas indicações que temos de tal são as referências às habilitações académicas do personagem principal.


Este conto pode ser encontrado no site Smashwords no link: Vila de Cobres de Olinda P. Gil

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Uma Paixão em Comum

Visito feiras de antiguidades já lá vão alguns anos. Neste intervalo de tempo a minha assiduidade tem me valido a criação de laços de amizade com alguns dos seus comerciantes. Alguns deixaram de ser meros vendedores a quem apenas se pergunta o valor da "mercadoria" e com quem se regateia o preço e passaram a ser amigos, bem pelo menos tanto quanto os breves momentos que lá passo o permitem. Começamos a falar com eles, a perguntar se tem o livro A ou B, a colecção X e Z, um autor chamado Manel ou Zé, se não podem trazer mais livros de FC e assim eles começam a conhecer os nossos gostos e a tentar satisfazer-los. Bem sei que uma parte do que os move é o negócio, claro, afinal é assim que ganham parte ou todo do seu rendimento e manter os clientes satisfeitos faz parte da actividade. Mas existe outro lado, eles tal como eu e vocês são apaixonados por livros e isso nota-se nas conversas que tenho tido com alguns deste alfarrabistas itinerantes. E acabamos por trocar impressões sobre os livros que lemos, os que gostaríamos de ler e os que já nunca iremos ler. As vezes chego a ajudar a vender fazendo elogios a algum livro que está na mão de algum cliente indeciso. E eles por sua vezes acabam por me fazer um preços jeitosos nos que compro e as vezes até nos dizem com aquele ar de quem sabe que nos está a dar um doce: "Vá, escolhe lá mais um" e depois piscam-nos o olho. Estes momentos são algo que eu tenho vindo a acarinhar e a preservar como se fosse o mais raro dos livros.

Ora vem este texto a propósito de uma merecida homenagem a esse homens e mulheres que percorrem as feiras de antiguidades deste país e que tantas alegrias me tem dado, a mim, mas também a muitos outros, com pequenos tesouros à muito afastados dos escaparates das livrarias e que me tem permitido descobrir um passado muito mais rico do que aquilo que eu alguma vez poderia ter imaginado.

Ainda à pouco tempo um destes amigos alfarrabistas presenteou-me com um deste livros raros. Raro porque não só é antigo e difícil (quase impossível de encontrar), mas que ainda por cima estava autografado pelo autor, o que o torna numa verdadeira pérola. O livro é "Vieram do Infinito" de Eric Prince (1955) e ao contrario do que o nome possa sugerir o seu autor é 100% Português. Este livro é da Editorial Minerva e é o primeiro de uma colecção que simplesmente ficou por aqui.
Podia ter tentado vender-mo, e até ter pedido um bom preço por esta raridade, mas ao invés simplesmente deu-mo. Haverá quem diga que estava a pensar apenas no negócio, que ao dar-me este "rebuçado" me está a fidelizar, e talvez essas pessoas até tenha razão, mas eu prefiro acreditar que o fez porque ambos temos uma paixão em comum: os livros, e que ambos gostamos de partilhar esta nossa paixão com outros iguais a nós.  



domingo, 2 de fevereiro de 2014

Opinião - Vénus 12 de Manuel Alves



Porque é que eu gosto do escritor Manuel Alves? Bem entre outras coisas admiro a sua capacidade de se superar com cada conto seu que leio, de em cada trabalho fazer algo diferente, mesmo que já tenha trabalhado no mesmo género. É este o caso do conto "Vénus 12" onde o Manuel regressa à Ficção Científica, mas com toques de erotismos e problemas existenciais, ao qual também não falta o seu humor que é tão do meu agrado.

A personagem principal é Ana, uma mulher que é especialista em resolver assunto, digamos, "delicados". A acção passa-se num futuro não muito distante, e que portanto tem muitas parecenças com o nosso: as grandes empresa praticamente governam o mundo e as guerras são comerciais e o segredo é alma do negocio, isso e ter sempre um produto que o povo queira. Ora neste futuro, os robot não só existem como estão nos mais varias locais, são o nosso guarda-costa e claro são os nossos escravos sexuais. Mas eis que surge um vírus que afecta estes últimos e como um vírus verdadeiro consegue passar para os humanos caso estes tenhas implantes electrónicos (o que ao ritmo que andamos já faltará pouco).  Ana é chamada a "ajudar" a resolver o problema, mas se  pensa que é um caso simples, bem vai ter uma surpresa...

Além da Ana vamos conhecer outras personagens bastante "suis generis", como a "senhora da limpeza", ou uma apresentadora de TV, personagens que vamos adorar odiar ou simplesmente adorar.

Como disse temos um conto com questões existenciais, sexo (mas não tanto como se esperaria). Gostei do modo como o Manuel souber ler o nosso mundo e extrapolou isso para criar um futuro credível em tudo, desde da tecnologia que se irá usar, alias algumas coisas já se começam a antever, até às cenas do costume: robot e sexo, sim se faz favor! Apenas a cena em que Ana se deixar "tocar" e assim trocar de lado ( bem mais ou menos) não me deixou completamente convencido, mas de um modo geral e mais uma vez o Manuel Veni, Vidi, Vici. 


Este conto pode ser encontrado no site Smashwords no link: Vénus 12 de Manuel Alves