domingo, 24 de fevereiro de 2013

David Gemmell



Se nunca ouviram falar de David Gemmell  não é algo de estranhar, mas deveria ser. Este autor, infelizmente já falecido, é considerado como um dos grandes autores do Fantástico.
O seu mais conhecido personagem é sem duvida Druss a Lenda, é também a personagem principal dos seus mais famosos livros, apesar de nos dois únicos livros deste autor publicados em Portugal, ele ser uma das personagens secundarias, mas ainda assim uma excelente personagem secundário, porque é aquela que a mim me salta logo à mente. Quer no "Lobo Branco", quer em "As Espadas da Noite e do Dia" essa honra cabe a Skilgannon o Maldito.
Já lá vão muitos anos desde que li este autor, cerca de nove anos desde o "Lobo Branco" e  sete de  "As Espadas da Noite e do Dia",  mas ainda me lembro do suficiente para afirmar que são excelentes livros e que bem merecem ser lidos e recordados.

Deixo-vos com as palavras do Filosofo Desidério Murcho numa critica ao livro "Lobo Branco" no Jornal Público e que espero que sejam mais elucidativas do aquilo que eu poderia eventualmente dizer:

"Se procura uma leitura empolgante (...) e gosta do género Fantasia, esta é uma boa escolha. Com uma tradução e edição primorosa (...). Gemmell apresenta-nos um universo de sabor mais ou menos medieval, como é praticamente regra no género Fantasia, com alguma magia (...) e muita verdade. E esta é a força do romance: o seu retrato cru e por vezes violento dos seres humanos, eternamente envolvidos em guerras e maldade, seres humanos que igualmente capazes de lealdade e justiça, de compaixão e coragem (...). A intensidade humana das suas personagens, que com apenas algumas pinceladas narrativas ganham vida própria e se tornam pessoas de carne e osso faz deste romance mais do que uma mera leitura de Verão (...). A Narrativa entrelaçada prende o leitor num crescendo de intensidade, não existindo quaisquer momentos mortos. Entrelaçando a narrativa com vários "flash-backs" que nos vão revelando toda a profundidade e complexidade da história, o autor consegue o efeito notável de nos apresentar um universo ficcional extraordinariamente complexo e pormenorizado - tanto pela profusão de personagens, como pela complexidade da história daqueles povos. Mantendo-se sobretudo ao nível do diálogo inteligente e revelador, e da descrição hábil da acção, é uma leitura apropriada para os mais jovens, apesar de não esconder realidades humanas geralmente ausentes da Fantasia para Jovens (como a sexualidade). A fluidez narrativa confere-lhe uma veracidade pouco comum em obras desta natureza - um pouco como se o autor estivesse a relatar realidades e não uma ficção. E não é isso que esperamos tantas vezes de um bom romance, independentemente do género?"
Desidério Murcho, in Público, 31 de Julho de 2004


Podem ler a critica completa no site Critica na Rede com o título: Uma Fantasia muito Realista, o que já diz muito do livro (digo eu).

Infelizmente o livro "Lobo Branco" já não consta do catalogo da editora, e o mais provável é já só ser possível ser encontrado em alfarrabistas, mas ainda lá se encontra "As Espadas da Noite e do Dia".

Mais algumas informações sobre o David Gemmell podem ser encontradas na pagina da Editora Presença aqui ou então na Wikipedia, mas apenas em Inglês aqui, podem ainda visitar a pagina do prémio literário com o seu nome aqui.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Criança Roubada de Keith Donohue


Todos os dias são publicados dezenas ou mesmo centenas de novos livros e como será evidente a Ficção Cientifica e o Fantástico não são excepção. As Editoras, incapazes de dar atenção a todos os livros que editam optam por concentrar o seu finito capital humano e financeiro em apenas alguns através de campanhas de marketing. Se algumas vezes, mesmo com estas ajudas, muitos livros não alcançam sequer os objectivos mínimos que hipótese terão os que são lançados sem rede? O que acontece na maioria dos casos é esses títulos perderem-se nas prateleiras e na memoria. A Criança Roubada é, infelizmente, um desses casos.
Os predicados que fazem deste um livro acima da media são uma magnifica narrativa e uma historia brilhantemente esculpida.
A historia de fundo é de um mundo onde existem trasgos que roubam crianças e tomam o seu lugar e aparência e vivem as suas vidas. As crianças roubadas, essas tornam-se trasgos e entram no ciclo esperando a sua vez de tomar a vida de uma outra criança renovando e fechando ao mesmo tempo o circulo.
As personagens principais são Henry Day e Henry Day, o que foi raptado e o que raptou. Assim, a duas vozes, acompanhamos as suas vidas. O que raptou torna-se Henry Day, mas não totalmente, a sua vida antes dos trasgos vai regressando lentamente para o assombrar à medida que vai crescendo e tornando-se adolescente e depois adulto pela primeira vez em cem anos com tudo o que isso implica. Ao mesmo tempo vamos conhecer a vida daquele que foi um dia Henry Day, mas agora dá pelo nome de Aniday e de como é a vida de um trasgo.
Neste livro não vamos assistir a uma épica batalha entre o Bem e o Mal, não, vamos assistir ao quão penoso é crescer quer ser queira quer não se queira. É um livro que para ser devidamente apreciado tem que se lhe dedicar a devida reflexão. Não um livro para "bebés sem dentes", precisa de ser bem "mastigado e degustado" para se lhe tomar o "sabor" e isso dá trabalho, mas com isso vem a devida recompensa.
Pena, mais uma vez, que poucos lhe tenham prestado a devida atenção, pois vale bem a pena, quer por estas razões quer por outras que não enumerei. E no momento em que escrevo estas palavras este livro ainda figura na lista de 40% de desconto, aproveitem.

Mais informações na página da Saída de Emergência sobre autor aqui e sobre o livro aqui, podem ainda consultar a sua pagina no Forum Bang aqui.

Numa nota final que é bem elucidativa do que (pode) acontecer quando um autor não tem sucesso, a Saída de Emergência ainda chegou a anunciar um segundo livro do autor, Angels of Destruction, para 2011, mas tal nunca chegou a acontecer, o que a julgar pela qualidade deste livro é uma pena.

Título - A Criança Roubada
Autor - Keith Donohue
Editora - Saída de Emergência
Colecção - Bang

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Prestígio de Christopher Priest

Capa da edição especial (autografada pelo autor) e da 2.º edição

Esta é a historia de dois mágicos, Alfred Borden e Rupert Angier, da rivalidade de ambos e das consequências que ela irá ter nos seus descendentes. Além de uma historia magnificamente contada o outro aspecto que me cativou foi a forma como o autor optou por narrar a historia. Ao invés de uma narrativa temporalmente linear somos presenteados com "viagens" entre e os finais do século XIX princípios do século XX, onde se passa toda a acção dos dois mágicos e os nosso dias. Novamente o autor surpreende ao mostrar primeiro o ponto de vista de um,  Alfred Borden e só depois do outro, Rupert Angier, intercalando com "visitas" dos seus descendentes, seguindo a "cartilha" de um truque de ilusionismo, onde nem tudo o que parece é.
A visão que temos de ambos é narrada  através dos diários de ambos dado-nos assim uma perspectiva mais intima, mas não necessariamente mais esclarecida, e que nos irá prender até ao fim e será apenas no final, mesmo no final, que tudo será desvendado.

É um livro que agradará aos apreciadores de Ficção Cientifica (com uma temática quase Electropunk), aos de romances históricos, aos fãs de suspense, enfim um livro com potencial para agradar a um vasto publico, então porque não teve mais sucesso, mesmo com um filme a "ajudar"? É uma boa pergunta e se souberam a respostas por favor digam-me.

É um livro que à partida poderá não parece "necessitar" de ajuda, pois teve direito a uma segunda edição, mas a verdade é que pouco o vi nas prateleiras e mesmo nos blog's e redes sociais não foi muito falado, mas bem o merece.




A Capa da 1.º edição e do filme a que serviu de base

O livro teve direito a uma adaptação ao cinema realizada por Christopher Nolan, o mesmo de "Memento", "O Cavaleiro da Trevas" ou ainda "A Origem". Em Portugal teve como titulo "O Terceiro Passo", que embora esteja perfeitamente enquadrado na temática tendo já um titulo tão bom não se percebe porque fazem "coisas" destas e fosse caso único...
O filme é bom, realmente bom, mas o livro (que li posteriormente) é ainda melhor, é bem melhor, e eu adoro o trabalho do Noan, mas ao lado do livro fica algo pálido, e acho que melhor elogio não consigo fazer.

Mais informações sobre o autor aqui, sobre os livros aqui e aqui (e aproveitem que está a um excelente  preço) e podem ainda consultar mais algumas opiniões no Forum Bang aqui.


Titulo - O Prestígio
Autor - Christopher Priest
Editora - Saída de Emergência
Colecção - Bang
Tradutor - Isabel C. Penteado


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A Demanda

Uma Demanda é por definição uma Busca, um Combate, uma Discussão, uma Disputa, um Litígio, uma Contestação  (não só é certo).
Imitado a Vida a Literatura vive (muito) de Demandas, seja em que género for. Num Romance a rapariga Demanda pelo amor da sua vida, num Policial o detective procurar fazer justiça, no Fantástico  temos o herói que Disputa a mão da princesa e espada magica, a Demanda é um elemento transversal na Literatura. Assim é com prazer e honra que me junto a outros Heróis do Ciberespaço (que palavras tão datada!) para combater, de uma maneira que vai além da mera opinião, o Oblívio a que Grandes Autores, Livros e/ou Sagas são votados simplesmete porque  não venderam o suficiente para que as Editoras nelas continuem a apostar.
Amanhã começarei uma serie de textos sobre livros que se encontram nas referidas condições, livros  e autores que ainda é possível "salvar" como por exemplo a Saga de Kushiel de Jacqueline Cary editado pela Saída de Emergência, que vai ter o seu ultimo volume editado este ano e assim (felizmente) completando a primeira saga, mas que infelizmente não vai ter as seguintes sagas editadas por falta de vendas, o que é uma pena visto ser uma autora muito dotada e que merecia mais livros editados e  sucesso que alguns (muitos) autores e livros que estão nos topos sem que se entenda porquê. Infelizmente este é apenas um de muitos exemplos. Serei mais um a tentar inverter a "maré", mas basta uma gota de água para fazer verter o copo. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Opinião - The Repairman de Harry Harrison



The Repairman de Harry Harrison é um conto que saiu originalmente na Galaxy de Fevereiro de 1958, e também fez parte da colectânea War with the Robots, embora eu não perceba muito bem porquê.
Neste conto Harrison narra-nos a historia de um reparador de "faróis espaciais" (que permitem as naves viajar pelo hiperespaço). O "nosso" reparador é chamado a reparar (desculpem lá este ênfase) um deste "faróis espaciais", alias um dos mais antigos em Próxima Centauri (uma da estrelas mais próximas de nós) e que tem dois mil anos. Lá é confrontado com o facto de uma raça de Lagartos inteligentes ter desenvolvido uma religião em torno deste farol e para puder repara-lo vai ter de passar por algumas peripécias, pois não pode simplesmente abrir  caminha a tiro.
Um conto que tem uma ou duas ideias que se aproveitam, mas não passa de uma grande descrição sem muita emoção e "servido morno".  Esperava mais deste autor que tenho vindo a descobrir e a apreciar bastante, e que neste caso se fica pelo mediano (e estou a ser simpático), ou talvez fosse eu que tivesse as expectativas muito altas depois de ler The Velvet Glove.

Este conto poder ser encontrado no Project Gutenberg em: The Repairman by Harry Harrison

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Opinião - The Velvet Glove de Harry Harrison


The Velvet Glove de Harry Harrison é uma conto que nos conta a historia de Jon Venex, um robô à procura de emprego. Dito assim até nem parecerá muito interessante, mas é! Mas o que mais  me impressionou foi a historia segundaria que, na minha opinião, ofusca (aquela que se crê) a principal. Quase poderia jura que estava a ler um prologo ou um spin-off, tal o detalhe com que somos presenteados, desde o "Robot Equality Act" ao livro "Robot Slaves in a World Economy" de um tal de Philpott Asimov II, passando pelas intrigas segundarias, este conto é como um "aperitivo" para um mundo maior e mais complexo com uma historia que seria digna de ser contada.
Foi um conto que eu apreciei mais pela historia que lhe serve de fundo do que a historia principal, não que ela não seja boa, mas o mundo que Harrison construiu deixou-me fascinado e a querer mais.
Este conto juntou-se a outros numa colectânea chamada War with the Robots e do qual já li um, Arm of the Law, que apesar de interessante e divertido na minha opinião (claro) não chega ao calcanhares deste. Fica a interrogação se os outros contos dão alguma continuidade a este universo ficcional como vimos neste.

Publicado originalmente na Fantastic Universe em Novembro de 1956, este conto pode ser encontrado no Project Gutenberg neste link: The Velvet Glove by Harry Harrison

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Opinião - Toy Shop de Harry Harrison



Toy Shop é um curto conto, apenas cinco paginas, de Harry Harrison publicado originalmente na Analog de Abril de 1962.
Apesar de ser um conto tão curto o autor conseguiu captar a ideia que lhe dá base: a magia dos mistérios que a Ciência ainda guarda, mas não é só isto que torna o conto interessante, o engenho e ganancia Humana também estão presentes.
Um suma um bom conto, poderia ser ainda melhor caso o autor tivesse optado por explorar um pouco mais, mas ainda assim ou mesmo por isso é um bom exemplo das qualidades narrativas de Harrison.

Este conto pode ser encontrado no Project Gutenberg neste link: Toy Shop de Harruy Harrison

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Opinião - Bread Overhead de Fritz Leiber




Bread Overhead é um conto de Fritz Leiber publicado originalmente na Galaxy de Fevereiro de 1958.
A historia tem um começo digno de figurar no livro "As Cronicas Marcianas" de Ray Bradbury com aquela linguagem ao mesmo tempo estranha e deliciosa. A "coisa" fica estranha quando percebemos que o autor não está a usar uma metafora quando diz que pães levantaram voo, sim leram bem.
A partir daqui a historia torna-se um pouco mais clara, mas nem por isso menos estranha. Os pães são o novo produto de uma Empresa em competição com a sua concorrente e criou pão com helio, mas em vez de helio misturam hidrogenio que sendo mais leve faz com que o pão voe. É com esta historia de fundo que se desenrolam as peripecias.
É uma historia interessante e que tem algumas reviravoltas dignas de nota, mas não o será para todos pois parece-me que foi escrita depois do seu autor ter comido pão, mas em que trocaram a farinha e o fermento por cannabis e LSD...

Este é mais um conto que pode ser encontrado gratuitamente no Project Gutenberg neste link: Bread Overhead de Fritz Leiber.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Opinião - The Misplaced Battleship de Harry Harrison



The Misplaced Battleship é um conto de Harry Harrison originalmente publicado na Astounding Science Fiction em Abril de 1960.
Na historia conhecemos um ex-ladrão de seu nome diGris que é "convidado" (era isso ou a morte portanto escolha fácil) a fazer parte de uma organização secreta chamada Special Corps que tem como lema "manda um ladrão para apanhar um ladrão. Depois de seis meses nos arquivos diGris descobre que alguém anda a construir a mais terrível nave de guerra que existiu, a Warlord. E aqui começa a historia. Incumbido de descobrir o porquê e parar quem anda a construir uma nave de guerra em tempos de paz e que à mais de mil anos foram todas destruídas, diGris parte a caça.

É um conto do qual gostei bastante, não por uma qualquer originalidade de ideias, mas pela maneiro como Harrison conta a historia, na primeira pessoa e bem "regada" de humor, mas na medida certa, e com uma reviravolta final interessante.
Os interessados podem encontrar este conto no Progect Gutenberg aqui: The MistplaceBattleship by Harry Harrison

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Senhor Luvas (também) no Facebook

Vou começar por fazer uma pequena confissão: não sou lá grande fã do Facebook! Eu sei, eu sei é muito estranho, mas prefiro outras formas de comunicação mais "limpas" como os Blog, ou o Forums. Mas num mundo onde de repente parece que se não estamos no Facebook parecemos um pária ignorante é (quase?) obrigatário. Quer gostemos ou não a verdade é que o Facebook veio modificar a Internet, como numa boa historia de Ficção Cientifica. Assim a partir de hoje podem também acompanhar o Senhor Luvas na sua pagina:

http://www.facebook.com/osenhorluvas

Ou então é só seguir o link no canto direita do blog.

Espero que gostem.