segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Opinião - Coração Negro de Naomi Novik



Este é um livro de leitura segura. Longe de ser uma critica negativa é apenas a constatação de um facto. Não esperem encontrar neste livro a "invenção da roda" no que à literatura Fantástica diz respeito. Chamo-lhe uma leitura de conforto, mas falemos da história. 

Um feiticeiro escolhe uma rapariga a cada dez anos em troca de proteger o vale do maléfico Bosque, claro que a última escolha do feiticeiro, que se chama Dragão, é Agnieszka, mas ela não foi a escolha que se esperava. Agnieszka é, como não podia deixar de ser muito mais do que à partida parece. A partir daqui a história segue o habitual roteiro em que a jovem descobre que não só é uma bruxa, mas também que é mais poderosa do que parecia, revelando ainda que tem capacidades que mais ninguém tem. Como não podia deixar de ser vai fazer a habitual viagem de descoberta, literal e metafórica, que a levará a salvar o Vale. Como disse no inicio esta é uma leitura de conforto onde existe uma familiaridade com cada capitulo, com cada palavra. Não surpreende, mas existe nesta sensação de "já li isto" um agradável sentimento de estarmos em território conhecido. Nem sempre quero ser espantado, às vezes quero simplesmente a segurança do comum.

Não tendo ficado propriamente longe do habitual, ainda assim houve uma quase que surpresa com o final. A autora em vez de nos dar aquele final feliz em que tudo acaba bem dá-nos um final mais real. O maléfico Bosque caminha para a cura, mas ainda vai demorar tempo até o Mal ser vencido. Podia ter feito um passe de magia e ter dito que estava tudo bem e  que o Bosque estava curado, mas preferiu dar um final mais realista e isso foi algo que (muito) me agradou.

Resumindo e concluindo foi uma leitura agradável, principalmente o final, mas tenho quase a certeza que não me irá ficar na memoria. Existem livros que, e sem desprezo por eles, servem para colmatar o espaço entre os grandes livros da nossas vidas e este é um deles.


Título - Coração Negro
Autores - Naomi Novik
Colecção Bang! n.º 295
Editora - Saída de Emergência
Tradutor - Sérgio Gonçalves

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Opinião - Quem teme a Morte de Nnedi Okorafor



Vamos começar pelo fim: não gostei deste livro. Bem sei que esta minha opinião vai em contra ciclo às opiniões que tenho lido. Suponho que seja a idade e tudo o que ela acarreta para um leitor que já muito leu e já não se impressiona, ou não se deixa impressionar com o comum e o vulgar. E por muito que um certo grande nome da literatura tenha não só gostado, mas levado esta obra para o pequeno ecrã isso no fim não faz com que ela seja melhor aos meus olhos (talvez a serie na tv me cative mais).

Mas foi assim tão mau perguntaram vocês? A resposta a essa questão é as expectativas podem ser tramadas e por norma são no mesmo. Quando nos "prometem" uma África pós-apocalíptica devastada por um holocausto nuclear esperamos encontrar uma África pós-apocalíptica devastada por um holocausto nuclear, mas isso não é mencionado em lado nenhum do livro à excepção da contra-capa, portanto perdoem-me se fiquei um "bocadinho aborrecido".

Não esperava que este livro redefinisse o género, mas quando temos nas mãos um livro que ganhou o World Fantasy Award espera-se algo especial. O que acontece aqui é mais um livro que se "agarra" à "velha" fórmula de escrever histórias de Fantasia e que segue passo a passo todos os clichés a que já estamos habituados. Uma profecia, um herói ou neste caso uma heroína, uma viagem, etc, etc... Personagens mal desenvolvidas,  unidimensionais e isso nem chega a conseguir descrever algumas. Mesmo alguns aspectos que me tocaram e conseguiram chocar, em especial a parte da mutilação genital feminina perde todo e qualquer significado quando é revertida como se nada fosse. E muitas outras pequenas coisinhas.

Houve momentos em que tive de me obrigar a continuar com a leitura deste livro e não foram as  expectativas, mas sim a qualidade intrínseca do livro.

Esperava mais, muito mais, mas a vida é mesmo assim.

Tento terminar numa nota positiva, se é que lhe podemos chamar assim. Quem sabe se algum dia, num futuro longínquo, volto a pegar e a ler este livro e mudo a minha opinião






Título - Quem teme a Morte
Autores - Nnedi Okorafor
Colecção - Bang! n.º 289
Editora - Saída de Emergência
Tradutor - Teresa Martins Carvalho

terça-feira, 31 de julho de 2018

The Show Must Go On

E já passaram sete anos desde que criei este blog. Esta simples constatação de um simples facto arrasta consigo a terrível verdade de que falhei neste projecto. Apesar de todo o entusiasmo inicial e de alguma (re)vitalidade ocasional a verdade é que a maior parte do tempo tem sido um vazio. Eu sou uma pessoa que precisa de uma (boa) razão para fazer algo, mas mais importante para continuar a fazê-lo. Sou também alguém que nunca está contente com o que escreve, estou constantemente a mudar virgulas e palavras, para mim um texto nunca está bem. Ora para escrever um blog de modo quase diário isso não é propriamente uma característica desejável (e enquanto escrevo isto vou relendo o que escrevi...). E não quero transformar isto num mero local de publicidade, por muito merecida que seja.

Assim chegamos à inevitável conclusão de que é hora de, se não dizer adeus ou pelo menos, dizer até um dia deste.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Ursula K. Le Guin



Morreu na passada segunda-feira Ursula K. Le Guin. A noticia só foi conhecida ontem à noite e confesso que quando li a noticia a minha primeira reacção foi a de total descrença, não quis acreditar, mas era verdade e lentamente o sentimento de perda foi-se enraizando. O momento que precedeu o meu conhecimento desta triste noticia foi passado a ler o último volume da Banda Desenhada Sandman intitulada "A Vigília" da autoria de Neil Gaiman (mais um confesso admirador da autora e alguém que foi profundamente influenciado por ela). Coincidência ou ironia da vida não o saberei dizer, mas a verdade é que dei por mim a traçar alguns paralelos entre a história que estava a ler e a Ursula K. Le Guin. Tal como a personagem principal do livro também Ursula K. Le Guin é mais que uma "mera" deusa, ela é e irá ser uma Eterna, junto de nomes como Philipk K. Dick ou Ray Bradbury para sempre irá brilhar acima de bons e excelente autores que felizmente ainda pontuam o nosso horizonte literário.
Mas ela foi mais que uma mera escritora, foi também um voz da razão, um voz do sonho e do futuro. Foi alguém que nos avisou dos tempos negros que se avizinham se nada fizermos.

Todas as vidas que ela tocou (e irá tocar) de modo tão profundo tornaram-se melhores por se terem cruzado com ela e a sua obra literária e tornaram o mundo um local um pouco melhor.

Tudo o que se possa dizer sobre ela será sempre pouco e o melhor que todos podemos fazer é simplesmente ler os seus livros pois esse é a melhor maneira de a manter viva.

Deixo para o final o discurso que proferiu quando ganhou o National Book Awards Lifetime Achievement Award de 2014  (prémio de carreira). Um discurso cheio de avisos, mas também de esperança e coragem.







Podem ver legendado em Português do Brasil neste link: Discurso de Ursula K. Le Guin no National Book Awards. Podem também ver o video original neste link: Ursula k. Le Guin National Book Awards Lifetime Achievement Award 2014 ou em alternativa a versão longa em que Neil Gaiman apresenta o premio: Neil Gaiman presents lifetime achievement award to Ursula K. Le Guin at 2014 National Book Awards

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Divulgação (BD) - Novidades G Floy para 2018



A  G Floy é uma editora cada vez mais activa no mercado editorial português e com cada vez mais lançamentos e neste novo ano o cenário não será diferente com pelo menos vinte e cinco livros na calha até ao fim do Verão.
Antes de vos deixar com a nota da editora gostava de chamar a vossa atenção para o lançamento de "Thor: Os Últimos Dias de Asgard" de Jason Aaron e Esad Ribic que apesar de ser  autocontida irá culminar numa serie a ser publicada por outra editora, a Goody. Não deixa de ser interessante, neste caso especifico, observar uma (quase) simbiose entre os lançamentos das editoras em que todos ficam a ganhar. Os leitores ganham mais livros para ler e melhor entendimento das historias em questão e as editoras ganham mais leitores, leitores que à partida não iriam ler esses livros. Fica da dica. 

E a agora a a nota editorial, é algo longa, mas eu acho que vale bem a pena a sua leitura: 

Olá a todos,
O ano que passou foi cheio de boa banda desenhada no nosso país, e não só de livros da GFloy! Mas achamos que contribuímos, e muito, para um dos melhores (senão mesmo o melhor) anos de BD de sempre em Portugal. E queremos continuar em 2018! Aqui têm então uma pequena antevisão do que o ano vai trazer de edições na GFloy até ao Verão, cerca de 25 livros se tudo correr bem.
As nossas séries de sempre continuarão claro está, mas pelo menos duas delas não estão incluídas na foto das novidades: SAGA 8 ainda não saiu nos EUA, nem Southern Bastards 4, pelo que decidimos empurrar esses dois títulos para Setembro, em princípio.
Chu deverá ter mais dois volumes até ao Verão, tal como Harrow County (o volume 3 que tinha sido originalmente previsto para Dezembro sai já em Janeiro), e Outcast e The Wicked + The Divine mais um volume. Iniciamos também novas séries: Descender, de Jeff Lemire e Dustin Nguyen, Os Malditos (The Goddamned), de Jason Aaron e RM Guéra, O Legado de Júpiter, por Mark Millar e Frank Quitely (de que lançaremos dois volumes até Julho).
Por falar em mark Millar e na Millarworld - muito na berra depois de ter sido adquirida pela Netflix - iremos lançar também outros livros do autor: Imperatriz, com arte de Stuart Immonen, já em Janeiro; e também MPH, com arte de Dencan Fegredo, e Starlight, com arte de Goran Parlov.
Em termos de romances gráficos e de histórias auto-contidas, os grandes relevos vão para: Afirma Pereira, com arte do francês Pierre-Henry Gomont, que adapta o romance de Antonio Tabucchi do mesmo nome, e que foi um dos maiores sucessos do ano de 2016 em França; e o magnífico The Fadeout, de Ed Brubaker e Sean Phillips, multi-vencedor nos Eisners, numa edição completa com cerca de 400 páginas! E ainda Indeh: Uma História das Guerras Apache, com argumento do actor Ethan Hawke e arte do veterano Greg Ruth.
Temos também já em Janeiro Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos, história a meio caminho entre o policial noir e a história de super-heróis (de Mark Waid e Paul Azaceta), e mais para final da Primavera, The Empty Man, uma história de terror com argumento de Cullen Bunn e arte de Vanessa Del Rey, que irá em breve tornar-se num filme.
Na Marvel, continuaremos as sagas que já iniciámos, com mais volumes de Uncanny X-Force e de Imortal Punho de Ferro (um de cada antes do verão, um de cada depois). Mas teremos também Jessica Jones O Pulso, numa edição integral (de mais de 300 páginas) que junta toda esta saga da personagem num volume, em preparação do lançamento da nova série AKA Jessica Jones, mais para o fim do ano.
Já em Janeiro teremos também Thor: Os Últimos Dias de Asgard, uma saga autocontida escrita por jason Aaron e com arte de Esad Ribic (mas que abre caminho para uma série que a Goody editará mais tarde durante o ano).
Mas a novidade grande é o lançamento de novas séries da Marvel: Cullen Bunn continua a constituir o seu catálogo, desta vez com a fenomenal série de livros de Deadpool que escreveu, de que o primeiro, Deadpool Mata o Universo Marvel (com arte de Dalibor Talajic) sai antes do Verão; e Ms. Marvel, uma das mais aclamadas e premiadas séries da Marvel de sempre chegará também na mesma altura à GFloy. E Wolverine regressará ao nosso catálogo mais para o fim do ano, mas sobre isso, notícias mais para a frente!
Espero que as notícias vos entusiasmem! Ficam de fora os lançamentos de BD de autores portugueses que iremos fazer em conjunto com a ComicHeart, que serão anunciados em breve em post/email separado.
Como sempre, se desejam deixar de receber estes emails, é só enviar email a pedir.
Bom ano bedéfilo a todos!!

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Ano começa num Terrarium

Em termos literários dois mil e dezassete foi um ano igual a dois mil e dezasseis, ou seja, muita mas mesmo muita (e boa) Banda Desenhada. Mais de cento e vinte BD's lidas, o que dá mais de dez BD's por mês, o que também serve para mostrar o excelente momento que a Banda Desenhada vive em Portugal. Por alguma razão li muito poucos livros, mas pelo menos foram (quase) exclusivamente de autores portugueses e desses autores portugueses destacam-se Joel G. Gomes (e heterónimos), Pedro Cipriano, Bruno Martins Soares, Carlos Silva e Nuno Ferreira.

Como é apanágio desta altura do ano todos gostamos de fazer promessas. No meu caso será a de que irei ler (muitos) mais livros e claro publicar mais texto no blog. 

No que à leitura de livros e BD's diz respeito não me faltam boas razões e como podem ver pelas fotos abaixo as pilhas já estão bem compostas.






E pronto é esta a minha lista de desejos e livros para mim e para o blog. Agora resta começar a ler e não me deixar distrair o que não será tarefa fácil.