Não sei o que passaram os meus colegas que tem blog's para escolher um nome para o seu, ou até mesmo para definir sobre o queriam escrever e fazer, mas pela minha experiencia não é algo fácil, mas hoje já não persistem grandes dúvidas sobre se a escolha que fiz foi a correcta, mas comecemos a história pelo inicio, e como deve ser.
Era uma vez um tipo que sonhava ter um blog, eu! Coisa corriqueira dirão agora, mas naqueles dias quando a blogosfera começava a despontar não era coisa pouca. Nesses dias as minhas ideias eram um quanto ou tanto diferentes do que vêem hoje e do que irão ver (espero eu). Nesses dias o que eu queria de blog era algo que junta-se não só a literatura, mas também a Ciencia, mas não só, enfim um blog pessoal. Com o tempo estas minhas ideias à luz da paciência foram amadurecendo, até atingirem o ponto em que comecei a ver onde estava errado, onde poderia fazer melhor, o que poderia fazer de original. E assim nasceu este blog, mas ainda faltava um nome.
O primeiro nome que surgiu foi quase no inicio e durou quase este tempo todo: A Terceira Lei de Clarke. O nome juntava (e junta) de modo elegante essas minhas duas paixões, a Literatura Fantastica e a Ciencia de um modo sublime. (Sir) Arthur C. Clark foi não só um prolifero autor de Ficção Cientifica, mas também de divulgação Cientifica e claro está cientista, a ele se deve, por exemplo, os satelites de comunicações que estão em órbitas geoestacionarias ou órbitas de Clark, em sua honra como será óbvio. E claro a sua terceira lei que diz de um modo simples e poetico em tão pouca palavras tanto: qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia. Parecia ter encontrado o nome perfeito. E assim foi durante bastante tempo, mas passado este tempo todo o que eu queria do meu blog havia mudado. O nome A Terceira Lei de Clarke continuava a servir perfeitamente as minhas aspirações de blogger, mas de algum modo já não me parecia encaixar tão bem.
Comecei novamente a busca. Foram muitos os nomes que percorreram a minha mente, mas nenhum que fica-se o tempo suficiente para criar raizes. Formou-se em mim a ideia de fazer uma homenagem, ou para ser chique uma hommage. Comecei a procurar entre as lombadas dos livros da minha biblioteca algo que me chamasse a atenção.
Percorri as estante à procura de inspiração, olhando cada titulo como o possivel futuro nome do blog, parei os olhos sobre um dos primeiros livro de FC que li, mas depressa o descartei. Voltei a percorrer as estantes já algo incerto e com uma certa medida de desespero, até que os meus olhos pousaram na lombada da antologia “Se Acordar Antes de Morrer” de João Barreiros, um dos meus autores de eleição, acredito que os meus olhos devem ter brilhado.
Peguei nele, olhei a capa, folhei-o olhando cada título dos contos e noveletas que o compõem procurando aquele click de reconhecimento, mas que não vinha. Até que cheguei ao ultimo e derradeiro conto: O Homem e o seu Gato, ou o Céu dos Gatos é o Inferno dos Pardais. O titulo é impraticável como nome de blog (mas agora que penso nisso como sub titulo...), mas algo me fez ali ficar. Novamente percorri as páginas do conto como se algo ali chamasse por mim, até que os meus olhos se deparam com o nome de um personagem: o Senhor Luvas. Saborei o nome, como que me habituado a um estranho, mas agradavel paladar. A minha mente disparou: o Senhor Luvas é um gato, ora os gatos são os unicos animais domesticados pelo homem que ao mesmo tempo ainda mantêm a sua independencia (que tem ou já teve um sabe exactamente do que falo). Fazendo uso das sábias palavras do João Barreiros:
“Não nos podemos esquecer que o gato não é um cão. Não constitui matilhas, não obedece a ordens específicas, só ouve o seu nome quando lhe interessa, diverte-se a torturar as presas antes de as devorar e trata o dono como se este fosse a sua mãe que lhe fornece alimento às horas correctas e pouco mais. Quando se roça em nós não é porque nos queira fazer festas, mas pura e simplesmente para deixar as suas marcas territoriais nas nossas pernas. E mesmo assim gostamos dele, pois um gato é uma das criaturas mais belas, fascinantes e terríveis da nossa ecosfera. Se existerem alienígenas o gato é um deles.
Era quase perfeito, algo estranho à que admiti-lo, mas primeiro estranha-se e depois entranha-se, é assim o adagio popular e assim foi neste caso, e quanto mais eu pensava, mas perfeito me parecia. Com este titulo prestava a devida homenagem a um autor que muito admiro, e que ainda mais o merece, e que “explica” de um modo subtil o que espero que este blog se torne, um blog que pareça domesticado, mas que seja na realidade independente, como um gato, como este gato, o Senhor Luvas. Como que para me convencer, eis a “mordida” do final do conto:
“Em boa verdade, quero lá bem saber se me escutam ou não. Falar, tornou-se num acto cumpulsivo. Infelizmente já não tenho um dono a quem cobrir de insultos. Estou sozinho, rodeado pelos idiotas que doravante constituem a minha especie...”
Em boa verdade eu quero ser ouvido, mas acho que quero ainda mais é falar. Como será obvio nem tudo o que escrevo e transcrevo acima é literal no que ao blog diz respeito, mas reflecte o espirito dele, reflecte o que espero dele.
E assim estava escolhido nome.
A data de lançamento do blog foi mais pacifica, por duas boas razões: é a data de nascimento do João Barreiros(mais uma vez a hommage), e claro ousando fazer uma piada já celebrada no reportório desse icone da musica popular que é Quim Barreiros (está tudo interligado), com uma ligeira alteração:
"Qual é o melhor dia para um blog sem sofrer nenhum desgosto? O trinta e um de Julho, Porque depois entra Agosto."
Gostaria de agradece a disponibilidade e permissão do João Barreiros em me deixar utilizar partes do seu excelente e altamente recomendavel livro “Se Acordar antes de Morrer”.