quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Opinião – Aliança das Trevas de Anne Bishop



Depois da magnífica trilogia das Jóias Negras, e subsequentes títulos passados no mesmo Universo: Jóia Perdida, Teias de Sonho e Anel Oculto, eis que regresso, a este Mundo que já tantos e bons momentos me proporcionou.
A história situa-se dois anos após o final de A Rainha das Trevas, ultimo livro da Trilogia. Vamos encontrar o Reino de Terreille devastado e sem uma Rainha capaz de reinar. A solução passa por pedir uma “emprestada” ao reino de Kaeleer, mas tal vai exigir que Theran vá “cobrar” um favor a Daemon Sadi e acho que para quem já conhece esta personagem mais palavras serão desnecessárias...
De um modo geral gostei do livro, apreciei a sua simplicidade, mas é aqui que reside também a sua maior fraqueza, pois muitos estarão à espera das mesma torrente de emoções que os outros traziam consigo. Este é mais um romance com alguma intriga à mistura e alguns laivos de Fantasia.
Adorei as “cenas” que envolveram Lucivar, é impossível não apreciar aquele humor dele.
Pela negativa tenho a apontar a história dentro da história da descida de Saetan ao Reino Distorcido. Gostei, mas neste livro pareceu-me completamente despropositada e deslocada. Tinha sido preferível a autora ter escrito um conto onde tivesse explorado esta história de modo mais completo.

Morno será um bom adjectivo para classificar este livro. Para os Fãs de Anne Bishop e deste Universo em especifico será uma boa maneira de matar saudades e ficar a conhecer um pouco mais dele, mas para os outros, aqueles que pegaram neste livro “sem querer” não sei se os entusiasmará o suficiente para continuar a apostar neste mundo, para esses o meu conselho é comecem pelo principio e vão ler a trilogia das Jóias Negras.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Opinião – Se Acordar antes de Morrer de João Barreiros




Como parece que deixei algumas pessoas com muita curiosidade em relação a este livro aqui fica a minha opinião do livro, mas não só...


Em primeiro lugar gostava de deixar algumas “coisas” esclarecidas: este é um livro atípico no panorama actual da publicação em Portugal, e porquê? Ainda bem que perguntam!
É um livro de Ficção Cientifica num mundo povoado de livros de Fantasia, e como se não bastasse esta heresia é de contos, quando a regra são intermináveis sagas, ainda por cima só de um autor, mas pior de tudo é ser do João Barreiros. Como que para compensar (como se tal fosse possível!), partilha o tamanho (um “tijolo” como diria o autor) com o que é publicado por estes dias, para não destoar e possivelmente enganar algum incauto que nele pegue sem querer, pois com mais de 500 paginas, não se pode dizer que fique mal lá na estantes de casa, já para não falar no facto de se segurar sozinho em pé!

Ironias e piadas à parte à que dizer que este livro é um marco na Ficção Cientifica Portuguesa pois reúne contos e noveletas que andavam espalhados por jornais, antologias e por sites, daquele que é sem sombra para duvidas o maior autor de Ficção Cientifica Português, vivo ou morto. Infelizmente ainda ninguém se disponibilizou para republicar a restante obra deste autor único no panorama nacional, mas quem sabe se a doença que acometeu o editor não volta a atacar!

Iniciamos o livro com um assaz e acutilante prefacio de Nuno Fonseca, que nos leva acima de tudo a pensar:

A literatura de Ficção Científica Portuguesa, a par de todo o género comum do fantástico, necessita de um instante destes, e uma publicação que nos faça pensar no passado, no presente e no futuro, em que a comunidade de leitores do género possa e deva ser confrontada com o que tem, com o que é, e com o poder vir a ser. E é também uma boa altura para certos sectores repararem que algo de legítimo se passa fora dos cânones convencionais do realismo contemporâneo, para dar a conhecer um pouco mais ao grande público, este importante vislumbre de um corpus e de uma carreira dedicada à Ficção Científica, made in Portugal”.

A sua opinião quer do João Barreiros quer do actual momento editorial do Fantástico é em grande parte (se não mesmo no seu todo) o reflexo das minhas ideias e opiniões.

O livro é constituído por quinze contos (e noveletas), e como prenda existe uma nota introdutória para cada um, em que o João Barreiros nos leva a passear pelas suas memórias e pensamentos, são vislumbres das histórias por detrás da história, são uma janela para (começarmos) a compreender quem é João Barreiros, de uma certa forma estas notas introdutórias são como pequenos apontamentos auto-biografias.

Não vos irei aborrecer com uma dissertação sobre os contos, outros já o fizeram antes e melhor do que eu poderia fazer, além disso eles são todos bons, muito bons, excelentes. A genialidade dos mesmos vê-se nos temas, completamente insanos, mas só à primeira vista, antes de termos pensado, sim porque isto não são contos fast-food, isto é gourmet, para serem degustado com calma. A mestria com que o autor maneja todas as história, todas as palavras está apenas ao alcance dos melhores e João Barreiros é sem sombra para dúvidas um deles. Mas não pensem que é fácil lê-lo, temos de nos acostumar à sua maneira de escrever, às suas “palavras”, já vi “críticas” em que lhe era apontado o facto de usar uma linguagem demasiado técnica, mas estamos a falar de Ficção Científica, outra coisa não seria de esperar. Muitos dos grandes autores de Ficção Científica usaram linguagem “técnica”, muitas vezes criando palavras para descrever os conceitos inovadores que hoje são para nós banais, e assim é com João Barreiros. Quem esperar “papinha” de fácil “digestão” o melhor é tirar o cavalinho da chuva, antes que ele se constipe. Estas são historias para pensar, como a boa Ficção Científica deve ser, chegando a ser profética. E um aviso de amigo para quem não conhece este autor, na sua escrita a realidade é quem manda...

Este Livro é mais que a simples soma dos seus contos, é mais que um Livro de Ficção Científica, este Livro é a prova que é possível escrever Ficção Científica em Português, é a prova que o Conto é uma das grandes maneiras de contar um Historia, mas acima de tudo este Livro é a memória do Passado, uma afirmação do Presente e uma esperança para o Futuro.
Espero que a João Barreiros seja reconhecido o devido valor ainda em Vida e em tempo útil de ele a saborear. Não gostava que lhe acontecesse o que, infelizmente, acontece a tantos geniais autores, que em vida são ignorados e desvalorizados, para serem descobertos depois da morte como génios incompreendidos.

Leiam e descubram um dos nossos grandes autores, quer no seu domínio da língua que maneja com uma habilidade que muitos querem, mas poucos detêm, quer nas suas ideias que nos levam a pensar e a olhar o mundo com um novo olhar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Não gosto de ler


Existem muitas pessoas que não gostam de ler e evocam as mais variadas razões para tal. Uma das mais evocadas é o “trauma” das leituras obrigatorias na escola, de livros como “Os Maias” de Eça de Queiroz, ou “O Memorial do Convento” de José Saramago. Tenho alguma “simpatia” por esta razão, que advem de também eu não ter gostado de ler os livros que me “calharam na rifa” no meu tempo. “Os Maias” foram um suplicio e não passei do terceiro capitulo, tal a monotomia que o livro provocou em mim, mas depois de ler a sebenta, e os apontamentos gostei bastante da historia, achei muito “fixe”, como se dizia naqueles dias. O porquê de muito boa gente não gostar de ler estes livros obrigatorios, com e sem aspas, deve-se ao facto de muitas vezes faltar preparação. Uma boa parte de nós foi simplesmente lançado as feras, sem praticamente ter lido nada anteriormente. Quem lia regularmente? Muito poucos, pelo menos no meu tempo. Hoje, pela experiencia que tenho, a situação parece-me melhor. Os pais estão mais concientes e já incentivam a leitura e são mais participativos, nos meus dias uma das frases que eu mais ouvia era “Estudar é o teu trabalho”, e pronto, eramos os responsaveis por nós proprios, uns mais que outros claro.

Todo este passeio pela avenida da memoria a proposito de uma conversa com uma pessoa minha conhecida e a quem eu, inevitavelmente, perguntei se li e o quê. A resposta que me foi dada foi um despretencioso “Não gosto de ler”. Já ouvi esta resposta antes, e tenho a certeza que, infelizmente, a voltarei a ouvir, mas desta vez foi algo diferente, pela “simples” razão da pessoa em questão trabalhar no ensino pré-escolar e em breve pretender ingressar no ensino superior para obter mais qualificações no mesmo ramo, e ainda bem, claro.

O problema, sem aspas, é que estamos a falar de alguém que vai formar as proximas gerações no inicio da sua vida, numa fase crucial. Ora como é que se pode transmitir o gosto pela leitura quando se desconhece esse prazer? Como pode um professor (ou similar) despertar a paixão pela leitura se não lê?


P.S.: Apesar de começar por um exemplo concreto, não faltam outros iguais ou parecidos por esse Pais fora, infelizmente.

domingo, 7 de agosto de 2011

Era uma vez um tipo que sonhava ter um blog

Não sei o que passaram os meus colegas que tem blog's para escolher um nome para o seu, ou até mesmo para definir sobre o queriam escrever e fazer, mas pela minha experiencia não é algo fácil, mas hoje já não persistem grandes dúvidas sobre se a escolha que fiz foi a correcta, mas comecemos a história pelo inicio, e como deve ser.

Era uma vez um tipo que sonhava ter um blog, eu! Coisa corriqueira dirão agora, mas naqueles dias quando a blogosfera começava a despontar não era coisa pouca. Nesses dias as minhas ideias eram um quanto ou tanto diferentes do que vêem hoje e do que irão ver (espero eu). Nesses dias o que eu queria de blog era algo que junta-se não só a literatura, mas também a Ciencia, mas não só, enfim um blog pessoal. Com o tempo estas minhas ideias à luz da paciência foram amadurecendo, até atingirem o ponto em que comecei a ver onde estava errado, onde poderia fazer melhor, o que poderia fazer de original. E assim nasceu este blog, mas ainda faltava um nome.

O primeiro nome que surgiu foi quase no inicio e durou quase este tempo todo: A Terceira Lei de Clarke. O nome juntava (e junta) de modo elegante essas minhas duas paixões, a Literatura Fantastica e a Ciencia de um modo sublime. (Sir) Arthur C. Clark foi não só um prolifero autor de Ficção Cientifica, mas também de divulgação Cientifica e claro está cientista, a ele se deve, por exemplo, os satelites de comunicações que estão em órbitas geoestacionarias ou órbitas de Clark, em sua honra como será óbvio. E claro a sua terceira lei que diz de um modo simples e poetico em tão pouca palavras tanto: qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia. Parecia ter encontrado o nome perfeito. E assim foi durante bastante tempo, mas passado este tempo todo o que eu queria do meu blog havia mudado. O nome A Terceira Lei de Clarke continuava a servir perfeitamente as minhas aspirações de blogger, mas de algum modo já não me parecia encaixar tão bem.

Comecei novamente a busca. Foram muitos os nomes que percorreram a minha mente, mas nenhum que fica-se o tempo suficiente para criar raizes. Formou-se em mim a ideia de fazer uma homenagem, ou para ser chique uma hommage. Comecei a procurar entre as lombadas dos livros da minha biblioteca algo que me chamasse a atenção.
Percorri as estante à procura de inspiração, olhando cada titulo como o possivel futuro nome do blog, parei os olhos sobre um dos primeiros livro de FC que li, mas depressa o descartei. Voltei a percorrer as estantes já algo incerto e com uma certa medida de desespero, até que os meus olhos pousaram na lombada da antologia “Se Acordar Antes de Morrer” de João Barreiros, um dos meus autores de eleição, acredito que os meus olhos devem ter brilhado.

Peguei nele, olhei a capa, folhei-o olhando cada título dos contos e noveletas que o compõem procurando aquele click de reconhecimento, mas que não vinha. Até que cheguei ao ultimo e derradeiro conto: O Homem e o seu Gato, ou o Céu dos Gatos é o Inferno dos Pardais. O titulo é impraticável como nome de blog (mas agora que penso nisso como sub titulo...), mas algo me fez ali ficar. Novamente percorri as páginas do conto como se algo ali chamasse por mim, até que os meus olhos se deparam com o nome de um personagem: o Senhor Luvas. Saborei o nome, como que me habituado a um estranho, mas agradavel paladar. A minha mente disparou: o Senhor Luvas é um gato, ora os gatos são os unicos animais domesticados pelo homem que ao mesmo tempo ainda mantêm a sua independencia (que tem ou já teve um sabe exactamente do que falo). Fazendo uso das sábias palavras do João Barreiros:

Não nos podemos esquecer que o gato não é um cão. Não constitui matilhas, não obedece a ordens específicas, só ouve o seu nome quando lhe interessa, diverte-se a torturar as presas antes de as devorar e trata o dono como se este fosse a sua mãe que lhe fornece alimento às horas correctas e pouco mais. Quando se roça em nós não é porque nos queira fazer festas, mas pura e simplesmente para deixar as suas marcas territoriais nas nossas pernas. E mesmo assim gostamos dele, pois um gato é uma das criaturas mais belas, fascinantes e terríveis da nossa ecosfera. Se existerem alienígenas o gato é um deles.


Era quase perfeito, algo estranho à que admiti-lo, mas primeiro estranha-se e depois entranha-se, é assim o adagio popular e assim foi neste caso, e quanto mais eu pensava, mas perfeito me parecia. Com este titulo prestava a devida homenagem a um autor que muito admiro, e que ainda mais o merece, e que “explica” de um modo subtil o que espero que este blog se torne, um blog que pareça domesticado, mas que seja na realidade independente, como um gato, como este gato, o Senhor Luvas. Como que para me convencer, eis a “mordida” do final do conto:

Em boa verdade, quero lá bem saber se me escutam ou não. Falar, tornou-se num acto cumpulsivo. Infelizmente já não tenho um dono a quem cobrir de insultos. Estou sozinho, rodeado pelos idiotas que doravante constituem a minha especie...”

Em boa verdade eu quero ser ouvido, mas acho que quero ainda mais é falar. Como será obvio nem tudo o que escrevo e transcrevo acima é literal no que ao blog diz respeito, mas reflecte o espirito dele, reflecte o que espero dele.

E assim estava escolhido nome.

A data de lançamento do blog foi mais pacifica, por duas boas razões: é a data de nascimento do João Barreiros(mais uma vez a hommage), e claro ousando fazer uma piada já celebrada no reportório desse icone da musica popular que é Quim Barreiros (está tudo interligado), com uma ligeira alteração:

"Qual é o melhor dia para um blog sem sofrer nenhum desgosto? O trinta e um de Julho, Porque depois entra Agosto."


Gostaria de agradece a disponibilidade e permissão do João Barreiros em me deixar utilizar partes do seu excelente e altamente recomendavel livro “Se Acordar antes de Morrer”.

domingo, 31 de julho de 2011

Parabéns João Barreiros!!!



Como nada é feito ao acaso também a entrada em funcionamento deste blog não foi deixada ao acaso e a data escolhida foi precisamente a data de nascimento desse grande vulto da Ficção Científica Portuguesa que é João Barreiros, quer como escrito, editor ou apenas divulgador. 

Ficam aqui os meus mais sinceros votos de mais um excelente ano quer em termos da sua vida pessoal quer da sua vida literária, com muitos e bons projectos.

Manifesto

O Senhor Luvas nasce do meu desejo de aprender mais sobre o mundo dos livros, com especial atenção ao genero do Fantastico: Ficção Cientifica, Fantasia, Terror, e respectivos sub-generos. Mais que um blog sobre os livros, igual a tantos outros, quero que este seja um blog sobre o mundo que se esconde por detrás das capas vistosas e das páginas exultantes que nos transportam para outros mundos. Tenho sede de saber mais sobre como funciona o mundo da edição e publicação. Esta será uma aventura não só para os meus futuros leitores, que partilhem esta minha curiosidade, mas também para mim pois apesar de ter algumas ideias, a verdade é que sou um ignorante nestes assuntos.

Juntos vamos (tentar) descobrir o Passado, o Presente e o Futuro da Literatura Fantastica. O marketing dos livros, as escolhas dos editores, as tiragens e edições, os autores e os seus pensamentos, os leitores e os seus desejos. Enfim ambição é algo que não falta pois se é para fazer algo que seja em grande.

Portanto aqui fica o meu convite para juntos embarcarmos nesta viagem e descobrirmos os mundos e historias que se escondem para lá das paginas dos livros de que tanto gostamos.