Este é um livro de leitura segura. Longe de ser uma critica negativa é apenas a constatação de um facto. Não esperem encontrar neste livro a "invenção da roda" no que à literatura Fantástica diz respeito. Chamo-lhe uma leitura de conforto, mas falemos da história.
Um feiticeiro escolhe uma rapariga a cada dez anos em troca de proteger o vale do maléfico Bosque, claro que a última escolha do feiticeiro, que se chama Dragão, é Agnieszka, mas ela não foi a escolha que se esperava. Agnieszka é, como não podia deixar de ser muito mais do que à partida parece. A partir daqui a história segue o habitual roteiro em que a jovem descobre que não só é uma bruxa, mas também que é mais poderosa do que parecia, revelando ainda que tem capacidades que mais ninguém tem. Como não podia deixar de ser vai fazer a habitual viagem de descoberta, literal e metafórica, que a levará a salvar o Vale. Como disse no inicio esta é uma leitura de conforto onde existe uma familiaridade com cada capitulo, com cada palavra. Não surpreende, mas existe nesta sensação de "já li isto" um agradável sentimento de estarmos em território conhecido. Nem sempre quero ser espantado, às vezes quero simplesmente a segurança do comum.
Não tendo ficado propriamente longe do habitual, ainda assim houve uma quase que surpresa com o final. A autora em vez de nos dar aquele final feliz em que tudo acaba bem dá-nos um final mais real. O maléfico Bosque caminha para a cura, mas ainda vai demorar tempo até o Mal ser vencido. Podia ter feito um passe de magia e ter dito que estava tudo bem e que o Bosque estava curado, mas preferiu dar um final mais realista e isso foi algo que (muito) me agradou.
Resumindo e concluindo foi uma leitura agradável, principalmente o final, mas tenho quase a certeza que não me irá ficar na memoria. Existem livros que, e sem desprezo por eles, servem para colmatar o espaço entre os grandes livros da nossas vidas e este é um deles.
Título - Coração Negro
Autores - Naomi Novik
Colecção Bang! n.º 295
Editora - Saída de Emergência
Tradutor - Sérgio Gonçalves