Existem livros que são uma desilusão. As vezes a culpa é do livro, mas a maioria das vezes é do leitor. A razão é simples: as expectativas. E foi exactamente o que se passou com este livro. Já à algum tempo que este livro tinha ficado debaixo de olho. Recentemente com um promoção que encontrei lá o trouxe para casa. As minhas expectativas eram elevadas, algo sempre perigoso. Para ajudar à "festa" a livreira que mo vendeu e com quem começo a ter uma boa relação disse-me que era um livro do qual ela tinha gostado muito (acrescento que ambos gostamos de FC). Digo isto porque o que me atraiu inicialmente no livro foi a sua premissa: um homem que é clone do seu pai é uma pessoa "nova" ou uma mera copia? Com uma premissa desta será mais que natural assumir que seja um livro de Ficção Científica, embora e como em muitos outros casos encapotado de outra coisa. Mas a verdade é que o autor não vai por ai. O personagem principal luís (com minúscula assim como todos os outros nomes que aparecem no livro) vai ao longo do livro "falando" para um irmão, do qual dizer que temos um vislumbre será eufemismo, relatando-lhe alguns episódios da sua vida.
E este foi para mim o problema deste livro: estava à espera que esta dicotomia entre clonado e clone fosse mais explorada, ao invés temos apenas vestígios. Não senti que esta ideia fosse devidamente explorada. Não que estivesse à espera de alguma conclusão, mas ao menos gostava que tivesse existido um embate. Ao invés temos muito Camões, problemas conjugais, e mais um sem fim de coisas, mas muito pouco do que supostamente deveria ser o fio condutor da narrativa deste livro.
Não se pense que tudo foi mau. Se tivesse conseguido abstrair-me das minhas expectativas tinha conseguido apreciar devidamente a prosa (quase) lírica e muito bem cuida com que somos presenteados, quase como se cada palavra tivesse sido pesada e medida antes de ter sido escolhida para fazer parte do texto.
Talvez daqui à algum tempo volte a pegar novamente neste livro, já sem expectativas e assim consiga aprecia-lo devidamente e como ele merece, porque apesar de tudo senti que este livro tem muito mais para oferecer. Não fossem as malogradas expectativas...
Viva Marco,
ResponderEliminarNem sempre calha bem o que é pena mas pronto seguir para outro ;)
abraço
Olá Fiacha
EliminarÉ verdade nem sempre estamos em sintonia com os livros que lemos, mas é como dizes é seguir para outro e esperar que tudo corra bem :)
Um abraço
Ó Marco, mas este "PINGUIM NA GARAGEM" é uma estopada das antigas, dos maiores xaropes com que já levei, ainda cheguei à página setenta...
ResponderEliminarSim... para quem gosta de literatura de cordel, este livro é uma estopada.
EliminarHá obras que demoram algum tempo a serem digeridas. Mas que depois alimentam. O Pinguim na Garagem é uma delas. Ao contrário de muita literatura fast food, aparentemente muito (demasiado) bem apreciada. A diferença entre consumo gourmet e consumo de massas, meus caros...