domingo, 17 de janeiro de 2021

Opinião - As Crónicas de Allaryia - Volume 2 - Os Filhos do Flagelo de Filipe Faria

 

A capa original da autoria do Samuel Santos

Os Filhos do Flagelo marca o regresso a Allaryia num segundo volume lançado apenas oito meses depois do primeiro, mas se o tempo entre os dois lançamentos é pequeno as diferenças na escrita dos dois volumes são enormes. As capacidades narrativas do Filipe estão mais maduras, sem que isso signifique a perda daquelas que são algumas das suas imagens de marca, como o uso ostensivo de todo o vocabulário que a língua Portuguesa oferece ou as intrincadas descrições das batalhas e lutas. As personagens tem mais profundidade, evoluem, as dinâmicas mudam e as consequências dos seus actos tem impacto em si e nos que os rodeiam. 


Este volume também marca uma viragem na história, os companheiros separam-se no final do primeiro volume e neste assistimos às consequências dessa separação. O autor opta por intercalar as duas linhas narrativas, uma opção, na minha opinião, tão válida como ter escrito primeiro uma e depois a outra (algo feito por J.R.R. Tolkin em “As Duas Torres”), embora tenha preferência pelo que o Filipe fez, porque assim somos deixados num estado de ansiedade que nos leva a querer ler mais para saber o que se vai passar. É um truque “barato”, mas funciona e como se diz na gíria desportiva em equipa que ganha não se mexe. E para “ajudar” os capítulos são também mais pequenos, o que é algo que pessoalmente me agrada muito, não sou fã de capítulos grandes. Assim a leitura torna-se mais imersiva e leva-nos a quer ler (ainda) mais, mas não direi que é necessariamente mais rápida.

A nova e mais uma vez genérica capa...


É também neste volume que ocorre um dos momentos mais emotivos da saga e que deixou as suas cicatrizes quer nos personagens quer nos fãs: um dos companheiros morre e como será óbvio não irei dizer qual. Inclino-me a dizer que foi um risco, porque embora a morte de personagens não seja uma novidade nas sagas de Fantasia normalmente as personagens centrais costumam estar salvaguardadas, principalmente se estamos a falar de Fantasia mais juvenil, pelo menos era mais comum noutros tempos.


O fim é ominoso deixando antever uma escalada muito grande nos perigos que se avizinham, felizmente desta vez não tenho de esperar um ano para seguir a história. É só ir à estante e pegar no volume seguinte.


A Arte original do Samuel Santos para a futura capa d"Os Filhos do Flagelo".


Finalizo esta minha opinião: todas as criticas que podíamos fazer ao primeiro livro, muitas legitimas, caem por terra neste. Este é um livro escrito não por um puto que gosta de fantasia, mas por um escritor que sabe o que faz. E isto é o que pode acontecer quando se dá uma oportunidade a alguém apaixonado que transforma essa Paixão em Amor.

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