domingo, 14 de março de 2021

Opinião – As Crónicas de Allaryia – Ciclo II – Volume 1 – A Oitava Era de Filipe Faria

A capa "fast-food" a que agora não se pode fugir.

 

O regresso a Allaryia estava há muito prometido no final das páginas do sétimo e último volume “Oblívio”. Pouco mais de nove anos está de volta com este “A Oitava Era”, primeiro volume do segundo ciclo.

Seguindo o que nos foi ensinado nas aulas de português este é um volume de introdução. Na história passaram-se cerca de vinte anos desde a última vez que vimos os (nossos) companheiros e muito mudou e quase nada para melhor. Esta é uma introdução aos problemas e frustrações que se foram acumulando nesse tempo. Não temos muita acção, ela existe como não podia deixar de ser, mas o autor está mais preocupado a vincar o que se passou, as cicatrizes e as consequências de tudo que se passou. Mais velhos, amargurados com as escolhas que fizeram no passado, conformados e ao mesmo tempo revoltados com o passado e presente. As personagens que mais mudaram foram  sem dúvidas o Taislin e o Quenestil. O burrik passou de divertido e sorridente a soturno e reservado e o eahan renegou a Mãe e as consequências foram devastadoras, tornando os dois personagens quase irreconhecíveis. O tempo não parou e Worick está mais velho e as maleitas de uma vida de luta cobram agora o seu preço com o thuragar a mexer-se com muitas dificuldades. Os restantes membros  parecem menos tocados,  Aewyre continua a carregar o peso do mundo, Lhiannah continua a guerreira arinnir, mas agora é também senhora da casa e mãe (adoptiva) e a Slayra apesar de mais velha (obviamente) continua igual a si própria.

As novas personagens são Aethryn, filha de Aewyre e de uma harahan (como visto logo n”A Manopla de Karasthan”) e os gêmeos Kyrina e Gifeahn filhos da Slayra e Tannath embora achem que são filhos de Quenestil (como visto em “A Essência do Lâmina”). Já as conhecíamos, mas agora são adultos e com uma participação (mais) activa. As suas contribuições e o peso das consequências dos seus actos e do que lhes não foi dito já se faz sentir. A ver vamos o que o futuro lhes reserva.

Uma última nota para o “tempo de antena” que o Filipe deu a Deadan e que suspeito que seja um personagem que terá uma importância grande neste novo ciclo assim como os seus filhos, mas isto já sou eu a fazer conjecturas. 

Existe neste livro (eu pelo menos senti isso) um sentimento de que a ficção imita a vida com o autor e muitos dos seus leitores (principalmente os que acompanham a saga desde o inicio) agora na casa dos quarenta (mais coisa, menos coisa) tal como os companheiros sendo por isso “fácil” entende-los.

Para mim o momento do livro não podia deixar de ser a morte do meu personagem preferido: Worick. Foi um momento simultaneamente rápido e longo em que disse a mim próprio que não era possível ele morrer, de aceitar que ele ia morrer, voltar a ter esperanças que não seria ali ainda que o Guia lhe mostrava a sua montanha, para finalmente aceitar que era mesmo o fim para um personagem que me marcou e à historia e teve um fim condigno. Não será fácil pegar no próximo volume sabendo que ele não irá lá estar com o seu humor, que muitas vezes me levou às gargalhadas e mesmo às lágrimas, e aos seus sábios conselhos, mas a vida é mesmo assim e continua quer queiramos, quer não. Levanto-lhe um caneca de soyg e que subas à tua montanha meu amigo.

Uma nota final para a edição do livro agora com uma capa “fast-food” que nada diz a quem compra de tão genérica e “insossa” e que em nada se relaciona com a história contada nas suas páginas, vou sentir muitas saudades das capas do Samuel Santos. Tive saudades do mapa e falta de um índice embora seja um gosto pessoal e passe bem sem isso.


Agora resta a espera até que o Filipe termine “Os Filhos do Caos” e claro seja editado, porque vontade e curiosidade para o ler não falta.

2 comentários:

  1. Boas marco,


    Tinha tanto para comentar sobre esta serie que adorei mas que nem li o livro final. E pelo que percebo ai vem mais deste universo agora desta foi ai um grande spoiler com a morte do Worick, mas pronto pode ter sido um momento bem conseguido.

    Se um dia formos ao FF ainda te peço emprestado o ultomo volume da 1º Serie e este :D

    Abraço e tudo de bom

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    1. Foi e é uma serie marcante no panorama do Fantástico nacional e é também interessante para vermos o quanto um autor consegue evoluir de livro para livro e este novo ciclo mostra, mais uma vez isso, mesmo.

      Se for ao FF levo te umas edições só para ti ;)

      Um abraço

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