A capa original com arte do Samuel Santos |
Se o fim de “Os Filhos do Flagelo” foi ominoso o início deste “Marés Negras” não é menos com um prólogo que não só é violento como antevê um escalar das ameaças que pairam sobre Allaryia.
A história começa onde termina o volume anterior, em Val-Oryth com os companheiros juntos novamente, e com um deles gravemente ferido.
A primeira parte do livro é praticamente dedicada às consequências e repercussões do que assistimos no final do segundo volume. Apesar de não termos grandes momentos “parados” o Filipe consegue fazer bom uso destes para desenvolver mais os personagens e expandir as consequências das suas experiências anteriores. Assistimos a um Aewyre mais impulsivo que tenta proteger preventivamente os seus companheiros das varias ameaças que os rodeiam, a um Worick mais maternal, mas não menos violento, um Taislin mais soturno. Todos mostram mudanças e não ficam estacionários.
Na segunda parte mudamos de cenário e vamos conhecer Sirulia onde irá decorrer um evento que mudará tudo e de certa forma fecha um ciclo na história.
A actual capa, genérica e pior que isso com nada a ver com o livro |
O meu personagem preferido continua a ser o Worick, mas gostei bastante da forma como o Filipe caracterizou o Seltor, não como um vilão monocromático, mas muito mais complexo e misterioso. Muitas atitudes que fazem com que a “bota não bata com a perdigota” o que o torna ainda mais interessante e desperta mais curiosidade.
O acto final da batalha de Aemer-Anoth foi bastante interessante. Confesso (novamente) que longos capítulos não são a minha “praia”, mas o Filipe faz bom uso deles. Acho apenas que ele faz demasiado uso, de por exemplo, das descrições das armaduras nomeando todos os componentes o que apesar de interessante e demonstrar que estamos perante alguém que sabe do que escreve acaba por quebrar-me um pouco o ritmo de leitura por não saber de metade do que é que ele está a descrever.
A arte para a capa original da autoria do Samuel Santos |
Neste volume o Filipe expande a sua mitologia “Allaryiana” com a introdução de novos elementos, ou de elementos que já sabíamos existir, mas que ainda não tinha oportunidade de conhecer na “primeira pessoa” como os Sirulianos e os Eahlan. Elementos aparentemente simples, como o calendário de Anaerin, vem reforçar a verosimilidade de quem lê dando a Allaryia mais realismo seja nas grandes coisas seja nas pequenas como os procedimentos judiciais dos legistas de Bellex.
Mencionei na minha opinião de “Os Filhos do Flagelo” que as diferenças de escrita entre os dois primeiros volumes eram grandes, mas isso já não se nota do segundo para este terceiro volume o que mostra uma consolidação da escrita do Filipe. Não é algo nem bom nem mau, mas simplesmente um autor a encontrar a sua “voz”.
Que venha o próximo livro.
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